O Sonho de Antonio Tota (*)

By | 21/02/2015 7:16 pm

(José Augusto Longo, no Patos Online)

Durante mais de trinta anos, o prefeito Antônio Tota sonhou com a ligação asfáltica entre sua cidade e a de São José do Bonfim. Por mais de trinta anos, trocou os seus votos, os votos dos seus amigos, com candidatos a governador que se comprometiam realizar seu sonho. Mãe D’Água, praticamente de porteira fechada, votava nesses nomes que, depois de eleitos, esqueciam-se do compromisso, trocando a palavra empenhada com um homem sério e cumpridor de compromissos – ao contrário deles -, pela velha desculpa de que não havia dinheiro disponível para a construção de uma estrada que não apesentava viabilidade econômica, situada num pontinho bem distante do mapa, sem importância política que justificasse o investimento. Acordos desse tipo foram feitos com Burity I e II, com Mariz, com Maranhão I, II, III e mais outro, com Cássio I e II e, até mesmo o seu velho amigo Wilson Braga, que se escondia em sua Fazenda na SerrAe da Mãe D’Água, sempre que necessitava fugir do trabalho durante dias, o fez sonhar com a sua estrada. Toinho, que fez tudo pela sua terra e pela sua gente, que fez da escondida Mãe D’Água um exemplo de moralidade administrativa, que administrou com competência, honestidade e ética, morreu sem ver concretizado o seu grande desejo, a sua grande aspiração. Entendia ele que a sua pequenina cidade, onde todos os setores funcionavam com eficiência, onde saúde, educação, limpeza pública e a sua própria gente ordeira, precisava ser mostrada ao mundo, o que somente se viabilizaria com o asfalto preto que cortasse o ventre da serra ainda virgem de tal progresso. Tinha ele certeza de que, somente o asfalto poderia levar até o recôndito da Serra do Teixeira, turistas que pudessem com a sua presença, admirar e consequentemente divulgar as suas belezas naturais; e nós, que com ele convivíamos, também sonhávamos o seu sonho para que por ele fluísse Paraíba afora, com maior desenvoltura, o exemplo que ele plantara de que administração pública não é propriedade privada e que é o povo, verdadeiramente, o dono do erário.

No último dia seis, de onde quer que esteja Toinho Tota assistiu o triunfar de sua maior aspiração: a sua tão sonhada, tão deseja estrada asfaltada estava sendo entregue, não pelos enganadores que trocaram os votos dos seus amigos por promessas não cumpridas de políticos comuns e sem palavra. Quem estava entregando sua estrada a Margarida e seu povo, era um governador em quem ele nunca votou, de quem nunca ouviu promessas, quem, talvez, nem chegou mesmo a conhecer pessoalmente. Recebia Mãe D’Água a sua estrada asfaltada, fruto do trabalho de um homem que não se chama Mariz, Maranhão, Burity, Wilson ou Cássio, que não costuma rir facilmente,  nem dar tapinhas nas costas; que não promete, nem mesmo quando precisa de votos:  chama-se Ricardo, governador que, em memória de Toinho Tota, Mãe D’Água jamais poderá esquecer.

(josaugusto09@gmail.com)

Comentário do programaComo sempre assino embaixo de tudo que Zé Augusto disse acima. (LGLM)

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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