Prisão de Delcídio divide os paraibanos (veja comentário)

By | 29/11/2015 4:19 am

 

(Jornal da Paraíba, na sexta)

A polêmica em torno da prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), na última quarta-feira, divide os parlamentares paraibanos. O motivo, no entanto, não está no que, ao que tudo indica, ele fez, mas no cargo que ocupa, já que um senador não pode ser preso, a não ser em flagrante, em casos de crime inafiançável. Enquanto alguns parlamentares defendem a prisão do senador, apontando inclusive para uma nova jurisprudência, há quem recrimine a atitude do Supremo Tribunal Federal, classificando a prisão de inconstitucional.

Nem mesmo a classe política com formação na área jurídica é unânime em relação aos argumentos dos ministros do STF. Para o vereador Lucas de Brito (DEM), o crime atribuído a Delcídio não se enquadra entre os crimes inafiançáveis e, portanto, não seria o caso de violar a Constituição. O democrata também condena a forma como o Senado votou o caso, assim como o tratamento dado ao acusado pelo PT.  “O Senado debateu muito tempo se o voto seria aberto ou secreto, mas pouco sobre a constitucionalidade da prisão. Os senadores cederam à opinião pública”, disse.

Na quarta-feira, horas depois da prisão de Delcídio, o presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, Adriano Galdino (PSB), saiu em defesa do senador. Para o deputado, os direitos adquiridos foram atropelados pela decisão do Supremo. “Nós estamos sendo afrontados nas nossas garantias constitucionais, que estão sendo violentadas nesse momento”, disse. E comparou: “Amanhã, com toda certeza, um deputado vai estar sendo preso por ‘qualquer delegado’ de polícia que disser que estamos dificultando uma investigação, seja lá qual for”.

Já o deputado estadual Bruno Cunha Lima (PSDB) defendeu a prisão do senador petista, “independe da questão partidária” – garantiu. Para o tucano, se o STF pode investigar, julgar e condenar, nada impede que ele possa efetuar uma prisão em forma de medida cautelar para evitar que alguém obstrua a Justiça.

O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) foi detido pela Polícia Federal (PF) na última quarta acusado de atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato. Em uma gravação, ele oferece R$ 50 mil mensais à família de Nestor Cerveró para tentar convencer o ex-diretor da área internacional da Petrobras a não fechar um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF).

Comentário do programaO deputado Adriano Galdino, atual presidente da Assembleia Legislativa, entende que a prisão de Delcídio é uma afronta às nossas garantias constitucionais e arremata: “Amanhã, com toda certeza, um deputado vai estar sendo preso por ‘qualquer delegado’ de polícia que disser que estamos dificultando uma investigação, seja lá qual for”. Esquece o ilustre deputado que as garantias constitucionais, no caso, foram afastadas pela mais alta corte do país, o STF a quem caberia autorizar a prisão do Senador. Entendeu o Supremo que ele afrontou a lei e estava ameaçando a própria aplicação da Lei. E outro dispositivo constitucional que garantia ao Senador que a sua casa legislativa teria que aprovar a sua prisão, foi respeitada pois o Senado, dentro do prazo estabelecido de vinte e quatro horas, se manifestou e confirmou a justeza da prisão. Não foi um delegado qualquer prendendo um deputado. O pedido foi encaminhado pelo Procurador Geral da República e a prisão autorizada pela mais alta corte de Justiça do país. A Justiça não pode confirmar a garantia de impunidade que muitos políticos pensam comprar ao gastar milhões para se elegerem. Para evitar processos e prisões por motivação política dos pretensos representantes do povo existem dispositivos da Constituição que os protege, mas no caso de Delcídio estas garantias foram respeitadas. (LGLM)

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Category: Estaduais

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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