Ainda há quem ache que Brasil não deve gastar dinheiro fazendo o censo!

By | 16/04/2021 8:36 am

É preciso fazer o censo

Pesquisa é crucial para orientar política pública, em particular após a pandemia

(Editorial do jornal O Estado de S. Paulo)

Em meio à carnificina pandêmica, que já cobra quase 4.000 vidas a cada dia no Brasil, às crises políticas semanais, provocadas pela inépcia inaudita do governo, e à turbulência da economia, a notícia de que o IBGE ficou sem dinheiro para realizar o censo populacional não chegou a causar grande comoção. Mas deveria.

O censo é vital para produzir informações que orientem políticas públicas baseadas em ciência, para determinar a divisão de verbas entre estados e municípios e até para definir os tamanhos de órgãos legislativos locais e das bancadas na Câmara dos Deputados —ou seja, para pôr a própria democracia em funcionamento.

Tão ruim quanto o fato de não haver dinheiro orçado para o trabalho é a razão por que isso ocorreu. Inicialmente, o censo deveria ter sido realizado em 2020, e os técnicos do IBGE estimavam um custo de R$ 3,4 bilhões. Veio a pandemia, o que levou ao adiamento e a uma justificada pressão pela redução geral de gastos estatais.

A ideia acordada passou a ser fazer a pesquisa em 2021 e com uma verba na casa dos R$ 2 bilhões. Já haveria aí um prejuízo.

O ideal, para a qualidade dos dados, é que o censo seja realizado a intervalos regulares de dez anos, ou seja, nos anos terminados em zero. Entretanto seria descabido despachar recenseadores para bater às portas de todos os domicílios do país em plena epidemia.

A redução da verba também exigiria cortes no tamanho dos questionários, ou seja, o censo produziria menos informações.

O Orçamento recém-aprovado para 2021, porém, reservou para o censo a singular quantia de R$ 71 milhões. Trata-se de uma piada de péssimo gosto. Não surpreende que a economista Susana Cordeiro Guerra tenha pedido exoneração da presidência do IBGE.

O R$ 1,9 bilhão surrupiado do instituto acabou, diretamente ou não, sendo destinado a emendas de parlamentares, que somam dezenas de bilhões de reais —um caso raro de prodigalidade no texto orçamentário deste ano.

É fundamental que, na indispensável revisão da programação de despesas, reserve-se dinheiro para que o IBGE possa fazer um censo ainda este ano, se a situação epidemiológica permitir.

O pós-pandemia exigirá informações de qualidade sobre a população e as dificuldades que ela enfrenta para que se possam criar programas eficazes de recuperação.

Nossa opinião – Outro dia ouvimos alguém dizer que não havia razão para o Governo gastar dinheiro com o censo, pois, segundo ele, o Censo não seria necessário. Tentei mostrar a essa pessoa a importância do Censo e agora, por coincidência me deparo com este editorial do Estadão, no mesmo sentido. (LGLM)

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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