Centrão prepara fusão de partidos para apoiar governo; acordo prevê que Bolsonaro não se filiará
(Gerson Camarotti, comentarista político da GloboNews, do Bom Dia Brasil, na TV Globo, e apresentador do GloboNews Política. É colunista do G1 desde 2012. Em
Três partidos do bloco conhecido como “Centrão” — PP, PSL e PRB — avançaram nos últimos dias em tratativas para se fundirem em uma única sigla.
O novo partido terá a missão de ampliar a governabilidade de Jair Bolsonaro junto ao Congresso, em um movimento considerado essencial para o presidente neste momento.
Não por acaso, as articulações são feitas pelo próprio ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, que é presidente licenciado do PP.
O partido já nasceria com a maior bancada da Câmara dos Deputados — 126 deputados, na hipótese de todos os parlamentares das três legendas migrarem para o novo partido. Atualmente, as maiores bancadas são as do PSL e do PT, com 53 deputados cada uma.
A negociação, no entanto, inclui um consenso inusitado: o próprio presidente, hoje sem partido, não poderia se filiar à nova sigla.
Para se candidatar à reeleição em 2022, Bolsonaro terá que se filiar a algum partido. Por esse acordo, mesmo com as três siglas unificadas, o presidente teria que se filiar a uma legenda menor para concorrer no próximo ano.
Os líderes do partidos ainda estão traumatizados com a forma ruidosa como Bolsonaro deixou o PSL em 2019.
O presidente chegou a ensaiar a criação de um partido próprio, mas a coleta de assinaturas exigida pela legislação não prosperou.
Nossa opinião
- Os partidos do atual Centrão querem se juntar em um grand. partido para terem um maior controle sobre Bolsonaro e comandarem o Governo. Mas não querem Bolsonaro neste partido, por que duvidam “da viabilidade eleitoral do presidente, que vem perdendo apoio popular, segundo pesquisas de opinião, em especial em segmentos do eleitorado considerados cruciais: renda mais baixa, Nordeste, jovens e mulheres”., como aventou a jornalista Ana Flor, comentarista da Globonews, em matéria recente. Se Bolsonaro estiver filiado a esse novo partido ficaria difícil se desvencilharem dele, mais adiante quando vissem que será derrotado, para apoiarem outro candidato. Em outras palavras, estão preparando o “pulo do gato”. (LGLM)