Quem herda os votos de Moro? Pesquisas recentes testam cenários

By | 02/04/2022 5:17 am

De acordo com o levantamento mais recente, Ciro Gomes e Jair Bolsonaro seriam os mais beneficiados, mas João Doria e Lula também herdam votos

 

Uma eventual saída de Sérgio Moro (União Brasil) da lista de pré-candidatos à Presidência pode ajudar a reconfigurar composições políticas no campo da terceira via, mas, segundo pesquisas de intenção de voto divulgadas nos últimos meses, a distribuição de seu potencial eleitorado não consegue romper o cenário polarizado entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Análise da XP Política com base nas duas últimas pesquisas do Ipespe aponta que, na prática, a desistência do ex-juiz distribuiria poucos pontos porcentuais. Nas pesquisas de intenção de votos, o ex-juiz aparecia com, no máximo, 9% das intenções de votos.

Dos pré-candidatos, quem mais herdaria as intenções de votos de Moro seria Ciro Gomes (PDT), com 17%. Depois, Jair Bolsonaro, de quem Moro foi ministro, com 15%. O pré-candidato do PSDB, João Doria, ficaria com 12%. O resultado seria tímido, se comparado com o eleitorado total.

 

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Segundo pesquisas, desistência de Moro mexe pouco no cenário eleitoral. Foto: Alexandre Meneghini/Reuters

Ciro, por exemplo, subiria apenas 1,4 ponto porcentual sem Moro na disputa. Bolsonaro ganharia 1,3, e Doria, 1. Isso acontece porque, segundo a XP Política, 40% deste eleitorado migraria para o não voto quando o ex-juiz é retirado da simulação, sobrando um contingente enxuto de eleitores para os concorrentes.

Bolsonaro

O sociólogo e cientista político Antonio Lavareda afirmou que o grande beneficiado pela saída de Moro é Bolsonaro. Para ele, o resultado da distribuição de votos consolida Ciro Gomes na terceira posição, mas a quantidade de eleitores que apoiariam outros nomes é muito pequena comparada ao ganho indireto do presidente. “Saiu um competidor do eleitorado centro-direita, que é original do Bolsonaro, e sobretudo saiu alguém que ia empunhar a bandeira da Lava Jato contra ele na campanha eleitoral”, disse. O especialista também aponta que, agora, Bolsonaro tem campo livre para ele mesmo empunhar a bandeira lavajatista contra Lula.

O cientista político Marco Antonio Carvalho Teixeira corrobora que os ganhos serão pouco significativos e entende que o menor beneficiado com a distribuição deve ser Lula. “O eleitor de Moro tende a ser antilulista. Quem não ganha é o Lula, mas pode ser que Bolsonaro pegue a maior parte e outra se distribua entre os demais candidatos”, disse.

Levantamentos

Outros levantamentos que testaram a ausência do ex-juiz também mostram que pré-candidatos podem crescer entre os eleitores que não votam nem em Lula, nem em Bolsonaro. Isso porque, dos que apontavam Moro como primeira opção de voto, a maior parte mantém o padrão de preferir migrar para o grupo de brancos e nulos.

Em pesquisa CNT divulgada em fevereiro, a opção “brancos ou nulos” foi apontada por 25,8% dos que tinham preferência pelo ex-juiz da Lava Jato. Na análise, os demais pré-candidatos reproduzem crescimento similar à Ipespe, com Ciro herdando 16,4% dos votos de Moro, Bolsonaro com 15,6% e Doria com 8,6%

Pesquisa Genial de janeiro também mostra “brancos e nulos” como campeões entre quem votaria em Moro originalmente. Depois, vem Bolsonaro, com 22%; Lula, com 15%; e Ciro, com 11%. Vale ressaltar que as porcentagens não representam a preferência absoluta dos pré-candidatos, mas a fatia de eleitores de Moro que eles capturam.

Pesquisa Genial de janeiro também mostra “brancos e nulos” como campeões entre quem votaria em Moro originalmente, mas inverte o ranking dos “herdeiros” e coloca Lula no páreo. Neste levantamento, Bolsonaro fica na liderança (22%), seguido de Lula (15%) e Ciro (11%). Vale ressaltar que as porcentagens não representam a preferência absoluta dos pré-candidatos, mas a fatia de eleitores de Moro que eles capturam.

Em pesquisa Genial de março, Ciro cresce um ponto, Bolsonaro, dois, e Lula, quatro no cenário sem o ex-juiz. Esse quadro, contudo, também desconsidera outros pré-candidatos da terceira via, como Simone Tebet (MDB), Doria e Felipe d’Avila (Novo).

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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