Movimento por reajuste no funcionalismo público mostra sua força com demora do governo

By | 14/04/2022 8:17 am

Solução ficou mais difícil com o movimento dos Estados e municípios em dar reajuste para os seus servidores; quem está no andar de cima do funcionalismo, como os auditores fiscais, compara e não quer ficar para trás

14 de abril de 2022 | 04h00

Já se passaram quatro meses desde que o Congresso Nacional aprovou, em dezembro do ano passado, o Orçamento de 2022 com a previsão de aumento salarial para três categorias de policiais.

De lá para cá, o governo empurra o problema com a barriga na esperança de que as coisas serão resolvidas com menor custo possível e na aposta de enfraquecimento da mobilização dos servidores – agora acena com 5%, ainda não oficializados.

 

Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro; ministro Paulo Guedes quis convencer policiais federais, que apoiam Bolsonaro, a esperar reajuste depois das eleições, para não prejudicar o presidente.  Foto: Adriano Machado/Reuters

Tirando o período inicial da guerra da Rússia na Ucrânia, quando a articulação do funcionalismo ficou mais à sombra diante das incertezas que o conflito causou na economia, não foi nada disso que aconteceu.

O que se viu, nas últimas semanas, é a operação-tartaruga em órgãos do governo mostrando sua força justamente com o tempo da demora em se resolver. Quanto mais tempo demorar, maior são os efeitos na vida real dos brasileiros, atingindo também em cheio o Banco Central e puxando o seu presidente, Roberto Campos Neto, para o centro do debate.

Campos Neto se juntou ao ministro da EconomiaPaulo Guedes, e involuntariamente participa das negociações. Como mostrou reportagem de capa do Estadãohá cargas paradas nos portos há quase três meses e navios sem espaço para desembarcar mercadorias com a operação-padrão dos auditores da Receita Federal, que capitaneou o movimento já no dia seguinte à aprovação do Orçamento.

Levantamento do Instituto Brasileiro de Comércio Internacional e Investimento (IBCI) mostrou que o movimento dos servidores elevou de cinco para 20 dias o prazo médio para desembaraço de cargas importadas via portos e aeroportos do Brasil. O alerta foi enviado em carta a Guedes. Um problema também que alimenta a alta de preços, o maior e mais preocupante calcanhar de aquiles do governo e que todos os meses surpreende o BC, que acaba postergando o fim do pico inflacionário para o mês seguinte a atormentar Campos Neto.

Está sendo comparado no Ministério da Economia ao “semana que vem” do ministro Paulo Guedes quando se refere a algumas medidas reformistas que sairiam da gaveta, mas que ficam para depois.

A coluna apurou que Guedes quis convencer os policiais do governo federal, grupo que em sua maioria apoia Bolsonaro, a esperar pelo reajuste para depois das eleições, e não pressionar agora sob o risco de prejudicar justamente o governo dele.

A possibilidade da explosão de efeito cascata grevista com impacto negativo para o governo não sensibilizou. Ao contrário, o núcleo político envolvido nessas negociações defende “enquadrar” o ministro para a resposta sair a contento.

A solução dessa briga pelo reajuste ficou cada vez mais difícil com o movimento dos Estados e municípios em dar reajuste para os seus servidores. O pessoal que está no andar de cima do funcionalismo, com os auditores fiscais, compara e não quer ficar para trás. Uma bolha que resistiu, conseguiu, mas ainda não está satisfeita.

*REPÓRTER ESPECIAL DE ECONOMIA EM BRASÍLIA

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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