Túneis para roubar o Tesouro Nacional

By | 14/04/2022 8:31 am

Sob Bolsonaro e centrão, FNDE e Codevasf tornam-se focos de transações nebulosas

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP) – Pedro Ladeira – 2.set.21/Folhapress

Nas palavras de Jair Bolsonaro (PL), o dinheiro das emendas de deputados e senadores ao Orçamento “ajuda a acalmar o Parlamento”. Bem menos tranquilos, porém, deveriam estar os cidadãos que pagam impostos e os que se preocupam com a lisura e a racionalidade no uso de recursos públicos.

No Senado, ainda não se conseguiu o mínimo de 27 assinaturas para uma CPI destinada a investigar escândalos no Ministério da Educação. O comando do Congresso, como se vê, está no controle também do escoadouro de emendas.

Empreendedores da política parecem encontrar novos túneis para o assalto aos cofres depois que leis criaram dificuldades para a corrupção de outrora, como na Petrobras —um efeito da falecida Lava Jato.

O FNDE é o órgão de execução financeira dos programas do MEC; no ano passado, autorizou desembolsos de R$ 55,3 bilhões. A Codevasf, com R$ 2,1 bilhões autorizados neste ano, executa obras hídricas e de infraestrutura para o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) em 15 estados.

O FNDE está sob controle do PP, partido do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e do PL de Valdemar Costa Neto. A Codevasf também é do PP, e o MDR, do PL. Servem como instrumentos de pulverização dos recursos federais em pequenos projetos, sem prioridade ou necessidade técnica bem definidas, por meio de emendas.

Agora e mais uma vez, as verbas são malversadas, dirigidas a acólitos e empresas familiares —e intermediadas por propina, segundo o depoimento de prefeitos.

Desde que sentiu o risco crescente de impeachment, em 2020, Bolsonaro se rendeu à necessidade de montar uma coalizão. Entregou-se ao bloco comandado por PP e PL, de histórica ficha corrida, e seus agregados, o chamado centrão.

A partir de 2014, com o enfraquecimento político da Presidência da República, o grupo ganhou mais poder sobre a fatia ainda livre do Orçamento (5% do total). Parte cada vez maior das emendas parlamentares se tornou de execução obrigatória nos últimos anos.

Há mais dinheiro e menos transparência na destinação de fundos ou critérios técnicos de aplicação. De 2015 a 2019, foram empenhados em média R$ 9,1 bilhões anuais de emendas. Em 2020 e 2021, já em Orçamentos de Bolsonaro, a média subiu a R$ 34,3 bilhões ao ano.

O aumento do poder do centrão e o desgoverno bolsonarista confluíram para criar um ambiente propício ao desmando e ao desvio. Os sinais estão evidentes, não deixando às instituições, como Procuradoria-Geral, Controladoria-Geral da União e Polícia Federal, nenhuma margem para omissão.

editoriais@grupofolha.com.br

Comentário

Comentário

Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *