Afronta de Bolsonaro ao STF tem escasso efeito eleitoral

By | 28/04/2022 6:50 am

O STF na mira

Num momento perigoso, bolsonarismo encontrou no Supremo um alvo fácil

Imagem William WaackNão é surpresa o regozijo com que muitos setores da política registraram o mais recente ataque de Jair Bolsonaro ao STF. A “Schadenfreude” (alegria pelas dificuldades alheias) se espalhou também pelo Centrão, esse amplo grupo unido pelo interesse nos cofres públicos e desinteresse em bagunça institucional.

A afronta de Bolsonaro aos tribunais superiores é pura tática político-eleitoral motivada pelo desprezo que ele nutre por instituições e limites ao que considera ser sua “missão divina”. O grave problema para o STF, explorado pelo bolsonarismo, é a percepção em parcela crescente do público segundo a qual a Suprema Corte se transformou há tempos numa instância política que só toma decisões idem.

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No momento, o papel que o STF cumpre de defender instituições da democracia contra ataques travestidos de ‘liberdade de expressão’ é pintado como ‘usurpação e interferência nos Poderes’. Foto: Dida Sampaio/Estadão

Essas decisões não são percebidas como dirigidas apenas contra Bolsonaro, apesar do que dizem os seguidores dele. É pior: são vistas como desvinculadas do interesse público, contraditórias e têm como denominador comum a defesa de privilégios de uma casta no topo de um Poder que gera insegurança – o Judiciário.

Repete-se em alguma medida o ocorrido por ocasião da Lava Jato. O “garantismo” no STF, isto é, a defesa das garantias constitucionais, era pintado como “defesa dos corruptos” diante dos horrores do sistema de roubalheira administrado pelo lulopetismo. No momento, o papel que o STF cumpre de defender instituições da democracia contra ataques travestidos de “liberdade de expressão” é pintado como “usurpação e interferência nos Poderes”.

O que torna o momento político atual perigoso, do ponto de vista das instituições, a começar pela da Justiça Eleitoral (alvo preferencial do bolsonarismo), é o fato de a “politização” do STF ou o “ativismo judicial” não serem “culpa” de um ou outro indivíduo. São fenômenos que vêm se acentuando ao longo de décadas, e exacerbados num ambiente político geral de demolição de princípios e valores éticos, morais e sociais.

Algum alívio parece vir do espírito de corpo de Congresso e Judiciário, que é coisa diferente do que defender princípios, mas acaba funcionando nesse sentido. Assim, os presidentes das Casas Legislativas reafirmam que só o Congresso tira mandato de quem foi eleito. E o Judiciário reitera que cabe a ele estabelecer quem se torna inelegível.

Quanto ao “golaço” de Bolsonaro contra o STF, gera picos nas redes sociais, mas está distante da realidade da grande massa de eleitores brigando com inflação. Ou seja, de escasso efeito eleitoral amplo. Nas parcelas “pensantes” das elites consumindo política até ajuda o adversário direto de Bolsonaro na difícil busca da respeitabilidade perdida.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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