Datafolha: Lula abre 21 pontos sobre Bolsonaro no 1º turno

By | 27/05/2022 6:08 am

Ciro Gomes, terceiro colocado, tem 7%, e demais candidatos não passam de 2%

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 21 pontos percentuais de vantagem sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e lidera a disputa presidencial com 48% das intenções de voto no primeiro turno, ante 27% do principal adversário, segundo nova rodada da pesquisa Datafolha.

O cenário de polarização entre os dois antagonistas caminha para a cristalização, com o terceiro colocado, Ciro Gomes (PDT), aparecendo bem atrás, com 7%. Outros postulantes atingiram no máximo 2%. Votos brancos ou nulos somam 7%, e 4% dos eleitores responderam não saber em quem votar.

A pesquisa foi feita com 2.556 eleitores acima dos 16 anos em 181 cidades de todo o país, nesta quarta (25) e quinta-feira (26). A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou menos.

Na montagem, Lula, Jair Bolsonaro Bolsonaro, Ciro Gomes, Simone Tebet e Luciano Bivar
Na montagem, Lula, Jair Bolsonaro Bolsonaro, Ciro Gomes, Simone Tebet e Luciano Bivar – Eduardo Anizelli, Pedro Ladeira e Zanone Fraissat/Folhapress

Bolsonaro tinha conquistado certo fôlego no levantamento anterior e chegado a 26%, mas viu aumentar agora sua distância para o petista, que antes era de 17 pontos. Lula pontuou 43% na ocasião.

Segundo o instituto, a nova pesquisa não é diretamente comparável à anterior, feita em 22 e 23 de março, por aplicar cenários distintos, excluindo pré-candidatos que deixaram a disputa e adicionando nomes que passaram a ser apresentados pelos partidos.

As principais alterações foram as saídas do ex-juiz Sergio Moro (que migrou do Podemos para a União Brasil) e do ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB), que anunciou sua desistência na última segunda-feira (23) após ficar isolado em seu partido.

Depois de Lula, Bolsonaro e Ciro, aparece um pelotão de dez candidatos com desempenho pífio: André Janones (Avante) e Simone Tebet (MDB) —a aposta do momento na chamada terceira via— registram 2%. Pablo Marçal (Pros) e Vera Lúcia (PSTU) têm 1%. E Felipe d’Avila (Novo), Sofia Manzano (PCB), Leonardo Péricles (UP), Eymael (DC), Luciano Bivar (UB) e General Santos Cruz (Podemos) não pontuam.

O ex-presidente Lula cresceu na pesquisa espontânea, quando não são apresentados nomes dos candidatos, atingindo 38% (em março eram 30%). Bolsonaro tinha 23% em março e agora marca 22%.

O índice é o melhor obtido pelo petista na espontânea nas pesquisas realizadas pelo Datafolha desde que ele retomou os direitos políticos, em março de 2021, com a anulação de suas sentenças na Lava Jato. Outros 2% dos entrevistados citaram espontaneamente Ciro, e 1% mencionou Tebet.

A taxa de indecisos na espontânea confirma a tendência de afunilamento rumo a um embate direto entre Lula e Bolsonaro: os que ainda não escolheram candidato somam 29%, menor índice da série para esse quesito, que vem em queda desde 2021 e havia registrado 32% em março.

Nos recortes feitos pelo Datafolha sobre as condições do entrevistado, Lula vê seu patamar de 48% subir ou oscilar para cima entre: mulheres (49%, ante 23% de Bolsonaro), eleitores com 16 a 24 anos (58% a 21%), pessoas com ensino fundamental (57% a 21%) e entrevistados com renda familiar de até dois salários (56% a 20%).

O petista também consolidou sua vantagem no Nordeste, onde crava 62%, ante 17% do atual mandatário. A diferença é grande também entre eleitores que se declaram pretos (57% a 23%), entre católicos (54% a 23%) e desempregados (57% a 16%).

O pagamento do Auxílio Brasil, nome atualizado do programa Bolsa Família, criado na gestão do PT, falhou até o momento como estratégia de Bolsonaro para colher dividendos eleitorais. Entre os que informaram receber o benefício, o presidente atinge 20% e o petista bate 59%.

Por outro lado, Bolsonaro supera o rival entre eleitores com renda familiar mensal superior a dez salários (42% a 31%) e entre empresários (56% a 23%). Entre evangélicos, o presidente fica numericamente à frente, dentro da margem de erro (39% a 36%). Os dois empatam no estrato que recebe de cinco a dez salários, com 37%.

Entre a pesquisa de março e a de agora, Lula lançou sua chapa com o ex-tucano Geraldo Alckmin (PSB) de candidato a vice e adotou um ritmo mais próprio de candidato, acumulando escorregões em declarações que o obrigaram a fazer recuos, como a defesa do direito ao aborto.

Enquanto tenta costurar alianças para consolidar a frente ampla que almeja ter a seu lado, o petista reservou espaço para um compromisso pessoal que foi incorporado à agenda estratégica de campanha, seu casamento com a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, no último dia 18.

Bolsonaro também intensificou atividades de cunho eleitoreiro, com viagens e o auxílio de próceres do centrão, ao mesmo tempo em que voltou a atacar o Judiciário e a ameaçar a realização das eleições, levantando suspeitas infundadas sobre as urnas eletrônicas e insinuando que o pleito será conturbado.

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escalada de afirmações de tom golpista é usada para manter sua base mais radical coesa, mas sofre críticas de outros candidatos e representantes de Poderes, além de ter se tornado alvo de pressão internacional, com sinalizações dos Estados Unidos de que o sistema brasileiro é seguro.

Como o Datafolha registrou a pesquisa antes da renúncia de Doria, o nome do tucano chegou a ser testado em um cenário e obteve 3%, insuficiente para promover grandes impactos no quadro geral. Os pesquisadores foram às ruas depois do anúncio do tucano, nesta quarta e quinta.

Na simulação com o nome do ex-governador, Lula alcançou os mesmos 48%, e Bolsonaro teve 26%, um ponto percentual abaixo do cenário sem o tucano, em oscilação dentro da margem de erro. Os outros postulantes não variaram. O índice de brancos e nulos variou de 6% para 7% no quadro sem o tucano, e o de eleitores que não sabem foi de 3% para 4%.

Antes de Doria, já havia abandonado o páreo o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite, que constou no levantamento de março como plano B do tucanato caso a ala anti-Doria lograsse êxito na tarefa de passar por cima do resultado das prévias, vencidas pelo paulista.

Leite, que na rodada anterior marcou 1%, recuou no plano nacional, contrariando integrantes de seu próprio partido e do PSD, que tentou filiá-lo para a empreitada, e hoje se encaminha para disputar o Governo do Rio Grande do Sul.

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Category: Destaques

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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