Governo libera verbas e prepara ação no Supremo para tentar barrar CPI do MEC

By | 28/06/2022 4:44 pm

Em três dias, 20% dos recursos do orçamento secreto são liberados para assegurar apoio governista contra a investigação do gabinete paralelo no Ministério da Educação

(Daniel Weterman nO Estadão,

 

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O governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) deflagrou uma operação para tentar barrar a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Ministério da Educação no Senado. São duas frentes de atuação: a liberação de verbas do orçamento secreto para garantir apoio parlamentar contra a investigação e uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir que a CPI seja instaurada.

O pedido de instalação da CPI foi protocolado pela oposição na Casa nesta terça-feira, 28. O requerimento conta com 31 assinaturas, quatro a mais do que o mínimo exigido, de 27. As assinaturas, no entanto, podem ser retiradas até a leitura do documento em plenário pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A existência do gabinete paralelo no MEC foi revelada pelo Estadão em março.

Autor do requerimento de abertura da CPI do MEC, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) concede entrevista após protocolar o pedido com 31 assinaturas de colegas, quatro acima do mínimo necessário.
Autor do requerimento de abertura da CPI do MEC, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) concede entrevista após protocolar o pedido com 31 assinaturas de colegas, quatro acima do mínimo necessário.  Foto: Pedro França/Agência Senado

Neste ano, o governo já liberou o pagamento de R$ 5,8 bilhões em verbas do orçamento secreto, 35% do total de R$ 16,5 bilhões. A liberação acompanha datas estratégicas para o Palácio do Planalto. Somente nos dois dias após a prisão de Milton Ribeiro, que aumentou a pressão pela CPI, foram R$ 3,3 bilhões empenhados, o que corresponde a 20% do previsto para o ano inteiro. O mesmo movimento ocorreu no dia 14 de junho, em meio à votação da proposta que impõe um limite para a cobrança de impostos sobre os combustíveis, quando o Executivo liberou R$ 1,8 bilhão em emendas de relator, base do orçamento secreto.

O então ministro da Educação, Milton Ribeiro, em solenidade no MEC com o pastor Arilton Moura.
O então ministro da Educação, Milton Ribeiro, em solenidade no MEC com o pastor Arilton Moura. Foto: Reprodução/Instagram

A liberação dos recursos, segundo aliados do governo, poderá ajudar a convencer senadores e retirar a assinatura. Pelo menos dois nomes estão na mira: Eduardo Braga (MDB-AM) e Alexandre Giordano (MDB-SP). Ambos apresentaram emendas no orçamento secreto.

A prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e a suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na operação que investiga o gabinete paralelo da pasta aumentaram a pressão pela instalação da comissão no Senado. Os senadores querem investigar a atuação de pastores com o controle da agenda e do pagamento de recursos do MEC.

O presidente Jair Bolsonaro durante encontro com os pastores Gilmar do Santos (à esquerda) e Arilton Moura (à direita) no Palácio do Planalto em 2019.
O presidente Jair Bolsonaro durante encontro com os pastores Gilmar do Santos (à esquerda) e Arilton Moura (à direita) no Palácio do Planalto em 2019. Foto: Carolina Antunes/PR

No Senado, o governo escalou o ex-presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, para a linha de frente da tropa de choque contra a CPI. Os dois agem para retirar assinaturas e impedir que mais senadores apoiem o pedido da oposição. Entre os argumentos citados por governistas nos bastidores estão a promessa de verbas, ataques à operação da Polícia Federal que prendeu Milton Ribeiro e os impasses do período eleitoral.

STF

Em outra frente de atuação, a bancada governista já apresentou um requerimento pedindo que o presidente do Senado dê preferência a outras CPIs e não instaure a do MEC. Esse movimento será seguido de uma ação no STF para cobrar de Pacheco a leitura de todos os pedidos de CPI protocolados na cúpula da Casa. Governistas querem a abertura de comissões para investigar obras paralisadas, narcotráfico nas fronteiras e a atuação de organizações não-governamentais na Amazônia, em uma estratégia para inviabilizar a CPI do MEC.

“Já comecei a cobrar respeito ao regimento. A CPI das ONGs tem preferência. Já foi atropelada uma vez pela CPI da Covid. Mesmo que o Supremo se meta indevidamente outra vez, vai ser difícil não instalar outras CPIs, e isso pode, sim, neutralizar”, afirmou o senador Plínio Valério (PSDB-AM), autor do requerimento que pede a instalação da CPI da Amazônia. Para ele, o presidente do Senado pode não instalar nenhuma comissão em função do período eleitoral.

Pacheco prometeu a interlocutores que a CPI do MEC será instalada se cumprir os requisitos formais, ou seja, número de assinaturas suficientes, fato determinado e orçamento disponível. O presidente do Senado, porém, dará algum tempo para a oposição conseguir mais assinaturas e também para o governo agir antes de ler o requerimento no plenário. Na prática, a retirada de assinaturas pode impedir a instalação. Pacheco garantiu, contudo, que não vai deixar o pedido na gaveta. O senador ainda deve conversar com os líderes partidários antes de uma decisão.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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