A população patoense sempre primou pela beleza e a qualidade das roupas que utilizava nas festas tradicionais da cidade.
Era ponto consumado entre os habitantes desta região, quando realizavam anualmente a venda da safra do algodão, destinar uma determinada quantia para a aquisição da “roupa nova” que seria inaugurada ou na festa de Nossa Senhora da Guia ou nos festejos de final do ano. Nesta perspectiva, os alfaiates sempre tiveram uma importância fundamental.
Com o advindo da “confecção” (roupa encontrada já pronta), o ramo de alfaiataria foi perdendo a sua clientela.
Entretanto, na cidade de Patos, um veterano de “longos carnavais”, continuou resistindo à modernidade e vestindo a população, principalmente no que diz respeito àquelas pessoas que procuram a roupa formal: o terno. Esse afamado alfaiate, conhecido por todos como Arnaldo Diniz, que tinha como marca registrada: “O Ditador da Moda”, foi um herói que atravessou o tempo para continuar fazendo da sua arte a elegância e a beleza no trajar dos clientes.
É sobre este competente profissional e homem ligado ao meio artístico de nossa cidade que resolvemos, com esta resenha, prestar-lhe esta justa homenagem – in memoriam – socializando sua vida e sua obra.
Arnaldo Laureano dos Santos, mais conhecido por Arnaldo Diniz, nasceu no último dia do ano de 1920, no município de Remígio, no brejo paraibano.
Desde criança o menino Arnaldo tinha o sonho de ser um grande alfaiate e, já aos 10 anos de idade começou a trabalhar na alfaiataria de José Dias de Melo, seu primeiro professor.
Mesmo enfrentando grandes dificuldades na vida, aos 18 anos, já em Campina Grande, teve sua primeira tesoura e uma fita métrica, sendo naquela oportunidade auxiliar do Senhor Manoel Bianor de Freitas, que trabalhava na rua Cardoso Vieira.
Na Rainha da Borborema, teve o seu grande mestre, aquele que lhe ensinou o “ofício do cortar” foi José Rocha, que era um referencial da costura paraibana.
Sua chegada a Patos ocorreu por volta do ano de 1935, onde trabalhou inicialmente com o italiano Biacho Farac Griza e com o prestigiado Columbiano Secundino dos Santos.
O sonho de possuir sua primeira alfaiataria só veio a ser concretizar na década de 40, quando ele instalou sua oficina na rua Aristides Marques, que foi também rua da Feira das Frutas e, atualmente é denominada de Pedro Caetano.
Com o surgimento do Magazine Sagramor, nome dado em homenagem à filha, Arnaldo criou um espaço onde a população masculina do sertão das Espinharas encontrava o que existia de melhor em termo de roupa, se igualando assim, aos grandes centros comerciais do País.
Este Magazine funcionou inicialmente e, por muito tempo, na rua Solon de Lucena, vizinho a Perfumaria Glória de Seu João Xavier. Depois se mudou para a Bossuet Wanderley e, por último foi instalado na Rui Barbosa.
Desde a década de 50, com a chegada da Rádio Espinharas, Arnaldo juntamente com alguns amigos realizaram durante um bom período, sempre aos domingos, um programa de auditório que fazia grande sucesso na cidade. Além do próprio Arnaldo, desfilavam pelos microfones da emissora os cantores: Zé Caunha, Francisco Jaime, João Marinha, Geraldo Andrade, Desterro e Dona Diva da Panificadora Popular. Estes artistas eram acompanhados pelos violonistas: Severino Gomes, Antônio Moreno e Emiliano.
É também do feitio de Arnaldo Diniz receber bem os seus convidados, principalmente quando se trata de artistas como Dilu Melo (cantora folclórica), Núbia Lafayete, Ângela Maria, Nelson Gonçalves (que se hospedou por 6 vezes em sua residência), Augusto Calheiro, Sílvio Caldas (que se tornou um dos seus melhores amigos), o comediante Zé Trindade e Francisco Petrônio.
Arnaldo Diniz faleceu em 28 de maio de 2009, com 88 anos, na capital do Estado e foi sepultado no Cemitério São Miguel, em Patos.