Agir corretamente na que é, provavelmente, a maior pandemia da história parece não estar dando muito resultado nestas eleições
A pesquisa Ipec confirma a vantagem do ex-presidente Lula, do PT, no Sudeste, região em que tanto ele quanto seu principal oponente, o presidente Jair Bolsonaro, jogam todas as suas energias, esperanças e fake news. Lula, para tentar uma improvável vitória em 1.º turno e Bolsonaro, para conquistar condições de vencer.
No Rio, reduto eleitoral desde sempre de Bolsonaro e onde o PT vem penando constante esvaziamento, a situação é imprevisível, com empate técnico e leve vantagem para Lula, de 35% a 33%. Mas a campanha petista pode comemorar os resultados em São Paulo e Minas Gerais.
A diferença de dez pontos em São Paulo, maior economia, maior população e maior eleitorado do País, tem peso e significado: 38% para Lula e 28% para Bolsonaro. Isso se reflete na disputa estadual, com Fernando Haddad, do PT, mantendo a liderança com folga (29%), e seus principais adversários disputando ponto a ponto.
Tarcísio de Freitas, candidato de Bolsonaro, tem 12%, empatado tecnicamente com o governador Rodrigo Garcia, do PSDB, mas sem padrinho, que tem 9%. Numa guinada de estratégia, Tarcísio passou a assumir o vínculo (ou dependência) com Bolsonaro e deixou de atacar Garcia para mirar Haddad. Por quê? Para encarnar o “antipetista”, condição que pode ser determinante, sobretudo, no interior.
Em Minas, onde o governador Romeu Zema (Novo) lidera confortavelmente todo o tempo contra o ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD), o resultado do Ipec é motivo de preocupação para Bolsonaro e de comemoração para Lula: o ex-presidente tem 39%, ante 26% do presidente. Já que se trata de Minas, isso tem até efeito psicológico: quem perde em Minas não ganha a eleição. Pelo menos até agora.
Não foi à toa, assim, que Zema exercitou toda sua mineirice para ficar em cima do muro e tem evitado, determinadamente, vincular sua campanha à de Bolsonaro. Ao contrário, ele deixa correr solta a ideia do Lulema, ou do Zelula, para tentar minar a aliança explícita e pública de Kalil com o ex-presidente.
Como curiosidade, Kalil foi muito mais afirmativo e corajoso ao adotar as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) na pandemia de covid do que Zema. Assim como o então governador João Doria foi também afirmativo e corajoso ao bater de frente com Bolsonaro em favor das vacinas, das máscaras e do isolamento social.
Agir corretamente na que é, provavelmente, a maior pandemia da história parece não estar dando muito resultado nestas eleições. A não ser que seja um dos fatores para impedir que Bolsonaro se aproxime de fato de Lula. Mesmo assim, não será o único. E a campanha começa hoje. E o pau vai comer para todo lado. l