Virada de Bolsonaro é quase impossível; veja análise

By | 03/09/2022 5:09 am

Imensa maioria dos eleitores já definiu candidato, mais da metade afirma que não votaria no presidente de jeito nenhum e simulações de segundo turno indicam teto de 43% para o chefe do Executivo

 

A leitura das últimas pesquisas permite a seguinte conclusão: Jair Bolsonaro vencer a eleição presidencial é algo quase tão improvável quanto o coração de Dom Pedro I voltar a bater. É arriscado dizer isso a um mês das eleições? Em termos. Vamos aos números.

1) A imensa maioria dos eleitores já se definiu. Para a minoria que admite mudar o voto, o presidente não é a primeira opção.

2) Mais da metade dos brasileiros continua afirmando que não votaria em Bolsonaro de jeito nenhum, apesar da chuva de benesses da máquina pública e da leve melhora da economia.

3) As simulações de segundo turno indicam que, neste momento, ele tem um teto de 43% dos votos válidos.

Jair Bolsonaro durante visita a feira agropecuária em Esteio (RS); presidente é o segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto
Jair Bolsonaro durante visita a feira agropecuária em Esteio (RS); presidente é o segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto  Foto: Ricardo Rimoli/EFE

É verdade que pesquisas refletem o momento e não devem ser usadas para fazer previsões. Mas há algo no horizonte que poderia alterar de forma significativa o atual quadro de quase estabilidade dos candidatos?

Houve grande expectativa sobre os efeitos das entrevistas ao Jornal Nacional e do primeiro debate na televisão. Mas só Ciro Gomes Simone Tebet tiveram mudanças nos números, e pequenas.

E houve, claro, a grande aposta do bolsonarismo na tentativa de cooptar os mais pobres com o Auxílio Brasil temporário de R$ 600 – benefício que só faz sentido neste momento sob a lógica eleitoreira, já que, segundo o próprio governo, a economia está bombando e a pandemia ficou para trás.

O dinheiro já chegou a 20 milhões de famílias, um contingente gigantesco. Nas duas últimas semanas, porém, a taxa de intenção de voto em Bolsonaro apenas oscilou de 23% para 25% na faixa da população que ganha até dois salários mínimos, segundo o Datafolha. Nesse segmento, Luiz Inácio Lula da Silva segue o líder disparado, com 54% (tinha 55% no dia 18 de agosto).

Se estimarmos que há três eleitores em cada família, e que de fato houve o pequeno avanço detectado pelo Datafolha, o presidente virou o voto de apenas 3 de cada 100 pessoas potencialmente beneficiadas pelo Auxílio Brasil turbinado. Depois de passar duas décadas associando Bolsa Família a compra de votos, Bolsonaro deve estar perplexo com os efeitos pífios de sua cartada.

Então a eleição está decidida? Observem que, lá no alto, não escrevi que uma vitória de Bolsonaro é impossível, mas que é quase tão improvável quanto um milagre envolvendo o coração do ex-imperador. Considerando que o atual presidente já defendeu em mais de uma ocasião a eliminação física de adversários, não é desprezível o risco de que o coração de um deles deixe de bater, por ação de algum extremista que interprete a mensagem como missão patriótica.

O próprio Bolsonaro já foi alvo de um atentado, em 2018, e um pedestre simulou atacá-lo, nesta semana, durante manifestação de motociclistas em Curitiba.

A violência pode atropelar a civilização e a lógica dos números aqui analisados. A segurança dos candidatos nunca foi tão importante.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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