Auxílio sem voto

By | 12/09/2022 7:03 am

Alta de benefício não tem, até aqui, impacto eleitoral relevante para Bolsonaro

Jair Bolsonaro (PL), em evento eleitoral no Rio no dia do bicentenário da Independência – Tércio Teixeira/Folhapress

O aumento do valor do Auxílio Brasil para R$ 600 mensais foi anunciado em fins de junho por Jair Bolsonaro (PL) e aprovado em meados de julho pelo Congresso. O novo benefício começou a ser pago faz pouco mais de um mês.

Desde o final de julho, a diferença entre as intenções de voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Bolsonaro se estreitou. Segundo o Datafolha, passou de 18 para 11 pontos percentuais no primeiro turno. No entanto a melhoria relativa da votação do presidente não se deveu à mudança das preferências dos eleitores mais pobres ou dos beneficiários do auxílio.

Tampouco a crença de que Bolsonaro possa manter o valor desse benefício em 2023 parece levar mais votos para sua candidatura.

Entre os beneficiários do programa, tal situação se repete: 37% acreditam que o Auxílio Brasil ainda será de R$ 600 sob um segundo mandato, e 29% declaram voto no presidente no primeiro turno.

Já no caso de Lula, os percentuais de intenção de voto e de crença na prorrogação do aumento em um governo petista são muito semelhantes —e, portanto, maiores do que os do incumbente.

A perspectiva de receber um Auxílio Brasil maior não parece, pois, associada à propensão maior de votar no presidente. Além disso, a preferência por Bolsonaro entre os beneficiários do programa assistencial praticamente não se alterou nas últimas seis semanas.

Em fins de julho, o presidente tinha 26% dos votos dos eleitores que recebem o auxílio. Na pesquisa Datafolha da semana passada, eram 29%. Uma elevação pequena, e além do mais semelhante à de Lula nesse estrato —o petista passou de 53% para 56%.

Em um segundo turno, a situação não se alterou. Bolsonaro continuou com 32% entre os eleitores do Auxílio Brasil; Lula, com 63%.

Cerca de 26% dos eleitores vivem em domicílios em que algum morador recebe o benefício. Entre as famílias com renda até dois salários mínimos, são 41%; no Nordeste, 40%. Do total dos eleitores, 82% dizem que o valor deve ser mantido em R$ 600, em vez de R$ 400.

Talvez novas rodadas de pagamentos do auxílio, associadas ainda a alguma discreta melhora da economia, possam carrear alguns votos para o presidente.

Mas a decisão de voto parece cada vez mais consolidada. Diminui o número de indecisos ou inclinados a alterar sua escolha. Uma das grandes iniciativas eleitoreiras do governismo mostra efeito modesto, a 20 dias do primeiro turno.

editoriais@grupofolha.com.br

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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