Orçamento inviável

By | 17/09/2022 4:45 am

Farra eleitoreira de Bolsonaro sacrifica programas, como eleitor já pode notar

 

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Jair Bolsonaro (PL), durante campanha eleitoral em Presidente Prudente (SP) – Jean Ramalho/Folhapress

É sinal de maturidade institucional impedir que os recursos do Estado sejam postos a serviço de projetos políticos de ocasião. Infelizmente, mesmo com grandes avanços nas últimas décadas, o Brasil ainda está distante dessa realidade.

O espaço para uso de dinheiro público para fins eleitoreiros permanece —e ganhou ímpeto extra no governo Jair Bolsonaro (PL). Evidências sobram no Orçamento deste ano e na proposta enviada ao Congresso para 2023.

Quanto aos gastos imediatos, o Executivo acabou de liberar por meio de medidas provisórias R$ 5,6 bilhões em emendas parlamentares, dos quais R$ 3,5 bilhões relacionados a emendas de relator comandadas por lideranças do centrão.

Pior, a manobra só foi possível porque outros R$ 5,6 bilhões em despesas foram jogados para o próximo ano, inclusive com adiamento de aportes para ciência e cultura.

O quadro fica ainda pior em 2023. Como resultado das previsões irrealistas que balizam a peça orçamentária e da inclusão de R$ 19 bilhões para as famigeradas emendas de relator, o governo precisou sacrificar outros programas.

Em algumas ações da área de saúde, como a Farmácia Popular e o Mais Médicos (rebatizado de Médicos para o Brasil), a redução de verbas passa de 50%. Isso para nem mencionar a insuficiência de recursos para manter o Auxílio Brasil de R$ 600 mensais.

Chega-se ao paradoxo de que o cumprimento do gasto mínimo em saúde determinado pela Constituição dependerá das emendas de relator, que precisarão ser parcialmente direcionadas para tal fim.

O descalabro ocorre porque a prioridade do governo é atender sua base política, não a boa prática de gestão, depois de sucessivos atropelos casuísticos das regras fiscais.

Diante dos protestos, agora Bolsonaro tenta recuar e dizer que não haverá perdas. Será inevitável uma ampla revisão do Orçamento de 2023, com o complicador que será muito difícil fazê-lo de forma criteriosa ainda neste ano.

Eis um trabalho que exigirá coordenação do vencedor das eleições com o Congresso num prazo muito curto, um testemunho do custo da desorganização crescente.

editoriais@grupofolha.com.br

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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