Exame de próstata: a partir de que idade o homem não precisa fazer?

By | 11/05/2023 9:14 am

Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos EUA e do Colégio Americano de Médicos divulgou novo conjunto de diretrizes sobre triagem de rotina

A comunidade médica dos Estados Unidos está preocupada com o excesso de exames para detecção de câncer de próstata em homens em idade avançada e o consequente alto índice de tratamento agressivo nesta faixa etária, mesmo em quadros de baixo risco. Em 2010, cerca de 90% dos norte-americanos com câncer de próstata de baixo risco foram submetidos a cirurgia imediata para remover a próstata ou receberam tratamento com radiação, segundo dados da Associação Americana de Urologia.

De acordo com o jornal The New York Times, a Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos e do Colégio Americano de Médicos divulgou um novo conjunto de diretrizes que não recomenda a triagem de rotina contra o câncer de próstata para homens com mais de 69 ou 70 anos – ou para homens com menos de 10 a 15 anos de expectativa de vida.

Eles defendem que o tratamento do câncer nessa idade – por cirurgia, radioterapia e/ou quimioterapia – pode causar mais danos do que manter o tumor.

Brasil

Segundo Bruno Benigno, urologista do Centro de Oncologia e Urologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o cenário norte-americano é diferente do brasileiro. “Lá, há um excesso de exames e diagnósticos, mas aqui, a maioria dos homens descobre a doença em estágio avançado, então precisamos reforçar a comunicação em relação aos exames de triagem, e não o contrário”, diz.

Nos Estados Unidos, entre 2014 e 2021, a proporção de homens com baixo risco de câncer de próstata que escolheram fazer uma vigilância ativa, com exames de rastreio a cada três ou seis meses, aumentou de cerca de 27% para quase 60%. Já no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 20% dos casos da doença já são diagnosticados em estágio avançado por causa da baixa adesão aos exames periódicos.

O Inca diz ainda que o câncer de próstata é o tipo mais comum de câncer entre a população masculina brasileira e representa 29% dos diagnósticos da doença no País. Em 2022, 16.055 homens morreram em consequência da doença, o que corresponde a cerca de 44 mortes por dia, segundo dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde.

Para mudar esse cenário, Benigno defende que é preciso reforçar as campanhas de prevenção e aprimorar os métodos de análise em relação ao quadro clínico dos pacientes para determinar com mais precisão quando o tratamento é ou não vantajoso.

Afinal, quando fazer exames de próstata?

Sociedade Brasileira de Urologia segue a Sociedade Americana de Urologia, que indica que os exames devem começar a serem feitos aos 45 anos para todos os homens e aos 40 para os de grupo de risco. Segundo Marcelo Wroclawski, presidente da sociedade, o momento de parar é quando o homem tem entre 5 e 10 anos de expectativa de vida – cálculo que deve ser feito pelo médico, a partir do estilo de vida e quadro geral de saúde do paciente.

Wroclawski diz que a escolha por interromper o rastreio quando o paciente tem idade avançada se dá tanto pelo entendimento de que não há tantos benefícios em tratar o tumor nessa faixa etária, quanto pelos riscos das biópsias. Um dos principais métodos de detecção do câncer de próstata, as biópsias são invasivas e conferem risco de infecção e sangramentos, apesar de alguns centros já oferecerem métodos mais seguros.

O Ministério da Saúde destaca que “a principal recomendação quanto à realização dos exames como ferramenta para o rastreamento do câncer de próstata é de que a indicação médica seja individualizada de acordo com cada caso e compartilhada com o paciente, considerando os benefícios do diagnóstico precoce para as opções de tratamento.”

A pasta reforça ainda, de um modo geral, que os métodos por imagem possuem um papel limitado tanto no diagnóstico quanto no estadiamento clínico da doença. Assim, a ultrassonografia transretal é o método de escolha para a realização da biópsia prostática, porém com a finalidade de orientar o posicionamento da agulha nas diferentes zonas da próstata. A ressonância magnética tem indicação em casos bastante selecionados. Ambos os métodos também têm baixa acurácia na determinação da extensão local da doença.

Quem é grupo de risco do câncer de próstata?

Fazem parte do grupo de risco do câncer de próstata e por isso devem começar a rastrear a doença aos 40 anos, segundo a SBU:

  • Pessoas que ao nascer foram identificadas como do sexo masculino e têm caso de câncer de próstata na família (em especial se quem adoeceu foi o pai ou irmão);
  • Pessoas que ao nascer foram identificadas como do sexo masculino e são negras, pois estudos mostram que a incidência e a taxa da mortalidade da doença é maior em negros;
  • Pessoas que ao nascer foram identificadas como do sexo masculino e têm alterações genéticas BRCA, que indica predisposição para câncer (rastreio pode ser feito a partir de testes genéticos, mas ainda não é tão comum no Brasil).

Quais são os exames que detectam o câncer de próstata?

Os exames de toque retal e de sangue com coleta de Antígeno Prostático Específico (PSA) são os principais na hora de levantar suspeita de câncer de próstata. A partir da suspeita, podem ser feitas biópsias e/ou exames de imagem, como tomografias, para confirmar o diagnóstico da doença.

Quando vale ou não a pena tratar?

Segundo Benigno, a escolha sobre tratar ou não o câncer de próstata deve ser tomada pelo médico, junto ao paciente e sua família, após análise individual do caso. “O paciente e a família precisam entender os riscos tanto do tratamento, quanto de um possível avanço do tumor”, diz.

Se a expectativa de vida do paciente é inferior a 10 anos e o tumor não aparenta ser agressivo, não tratar pode ser melhor no sentido de garantir a melhor qualidade de vida a esse paciente em seu fim de vida. Já se o paciente idoso tem ótimas condições de saúde e o tumor tem risco de avançar rapidamente, o tratamento pode garantir mais anos de vida.

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Category: Nacionais

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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