A Polícia Federal está atrás das pegadas de Bolsonaro nos EUA (seguido de comentário nosso)

By | 19/05/2023 7:43 am

Ex-presidente abandona pela segunda vez o tenente-coronel Mauro Cid

(Ricardo Noblat, no Blog do Noblat, no Metrópoles, em 19/05/2023)
Mauro Cid filma live ao vivo o Presidente Jair Bolsonaro chegam ao palácio Alvorada

Igo Estrela/Metrópoles

O tenente-coronel Mauro Cid tinha duas opções ao depor à Polícia Federal: dizer que falsificou a carteira de vacinação de Bolsonaro sem que ele soubesse, ou que a falsificou a pedido dele.

Aconselhado por seus advogados, Mauro Cid, preso há 15 dias por ordem do ministro Alexandre de Moraes, escolheu outra saída: ficar calado. Não responder a nenhuma pergunta.

O silêncio de Mauro Cid deixou Bolsonaro apreensivo, tanto que logo sua assessoria passou a espalhar que não, que foi muito bom para ele. É sempre assim toda vez que Bolsonaro se enrasca.

O ex-presidente esperava que Mauro Cid o inocentasse, dizendo que ele nunca soube e nem encomendou a falsificação. Acontece que isso equivaleria a um suicídio para o tenente-coronel.

Ele estaria assumindo sozinho a culpa por um crime, porque é disso que se trata. Ou jogaria a culpa nas costas de terceiros. Está mais do que provado o envolvimento de Mauro Cid na falsificação.

Qualquer investigação de um crime começa com a pergunta: a quem interessava? A quem o crime beneficiaria? A Mauro Cid, certamente que não. Ele fez o que lhe mandaram. Quem mandou?

Faz sentido, à revelia de Bolsonaro, seu principal ajudante de ordem falsificar a carteira de vacinação para presentear quem jura que nunca se vacinou? Não era hora de brincar de amigo oculto.

Só Bolsonaro teria algo a ganhar com a fraude do seu cartão. Não precisou dele para entrar nos Estados Unidos simplesmente porque fugiu daqui ainda na condição de presidente.

Mas quando deixou de ser 24 horas depois, e para circular com liberdade em outro país, talvez fosse obrigado a provar que havia se vacinado. Michelle Bolsonaro, por exemplo, vacinou-se.

O silêncio de Mauro Cid pode ter sido bom para ele, que não se incriminou e ganhou mais tempo para pensar no que fará da vida. Mas para Bolsonaro, com toda certeza, não foi.

Continuará pesando sobre sua cabeça uma dúvida mortal: para atenuar sua pena, será que Mauro Cid, mais adiante ou desde já, terá a coragem de colaborar com a Justiça, traindo-o?

Bolsonaro abandonou Mauro Cid ao depor à Polícia Federal na semana passada, e novamente ontem ao afirmar:

“Peço a Deus que [ele, Mauro Cid], não tenha errado. E cada um siga sua vida”.

Só faltou dizer: cada um siga sua vida, mas separados.

A propósito: a Polícia Federal está levantando os lugares por onde Bolsonaro passou nos Estados Unidos para ver se em algum lhe pediram o cartão de vacinação.

Comentário nosso

Mauro Cid vai continuar sendo “o calo” de Bolsonaro. Já pensou se ele, para salvar a própria pele, resolver, mais adiante, fazer uma delação premiada? Certamente terá muito a revelar à Justiça. Enquanto isso, será que Bolsonaro vai dormir sossegado?  (LGLM)

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Category: Destaques

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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