(Misael Nóbrega de Sousa, jornalista, em 27/07/2023)
O imperador Calígula teve o seu cavalo de estimação nomeado senador de Roma, mesmo a contragosto. Incitatus ainda foi cogitado para ser Cônsul, o que não aconteceu devido à morte de seu dono pela guarda pretoriana.
Pois bem, a sessão da Câmara Municipal de Patos, na última terça-feira (23), foi marcada por uma discussão também não muito convencional: – A quem culpar pela morte de um cavalo?
Entendamos o caso: um vereador filmou o animal agonizando no curral municipal e jogou as imagens nas redes sociais cobrando providências da prefeitura, tais como: cuidados, alimentação e água para os bichos apreendidos. Na tribuna, esse mesmo vereador acusou a secretaria de agricultura de ter sido negligente, e que iria formalizar uma denúncia junto ao Ministério Público.
Um pouco mais cedo, a Polícia Rodoviária Federal havia declarado que o cavalo já estava debilitado quando foi recolhido pelo caminhão boiadeiro, mas isso não pós fim a celeuma. Aquela morte tinha que ter autoria material; ou seja, nome e sobrenome.
É dever do vereador fiscalizar e cobrar ações do governo, conhecendo e encaminhando os anseios da população dentro de um comportamento ético, eficiente e transparente. Mas, o que chama a atenção é o nível do debate das casas legislativas… – Que ao invés de discutirem leis que favoreçam uma causa legitima, como o direito dos animais à proteção contra maus tratos, preferem episódios políticos de ódio e revanchismo que chegam a ser cômicos.
Por ser considerado o mais democrático dos poderes, as câmaras de vereadores devem aproximar as pessoas através de ações que estimulem a cidadania, refletindo o que pensa a opinião pública. A espetacularização não faz aumentar o interesse pelo parlamento.
Comentário nosso
Infelizmente, alguns vereadores, no afã de aparecerem, têm feito denúncias infundadas ou tratado de assuntos de somenos importância, quando deveriam se preocupar com os verdadeiros problemas da cidade. A função do vereador é fiscalizar a administração pública, denunciar as coisas erradas e sugerir soluções para os problemas do município. Fora disso é só demagogia e tentativa de aparecer. A população deve ficar de olho nestes inconsequentes e inconvenientes e dar a resposta na próxima eleição. (LGLM)