Carla Zambeli é a cara do bolsonarismo

By | 04/08/2023 7:02 am
Imagem ex-librisNão diz grande coisa o número de votos que elegeram a sra. Carla Zambelli para a Câmara, porque São Paulo já votou em massa numa rinoceronte há algumas décadas. Mas a referida senhora não é tão desimportante quanto parece. Afinal, se alguém encarna fielmente o ethos bolsonarista, algo que pode ser descrito, de forma sucinta, como uma busca incessante pela instabilidade do País pela via da mentira, da desinformação e do golpismo, é ela.

A cassação de seu mandato, portanto, é ação profilática que se impõe à Casa de representação política da sociedade. A sra. Zambelli é um corpo estranho na democracia, razão pela qual deve ser expelida por seus pares por meio do mecanismo criado pela própria democracia para se proteger de ameaças como ela.

Porém, mais importante para o País do que o destino político – ou jurídico – da sra. Zambelli é entender como ela representa a mentalidade do bolsonarismo. Nesse sentido, a operação deflagrada pela Polícia Federal há poucos dias contra a parlamentar e um desqualificado a ela associado não poderia ser mais elucidativa.

A sra. Zambelli é suspeita de ter contratado Walter Delgatti Neto para “hackear” a urna eletrônica. Por trás dessas ações insidiosas estaria o intuito de “provar” a estapafúrdia tese de Jair Bolsonaro segundo a qual o sistema eleitoral brasileiro estaria sujeito a fraudes.

Evidentemente, a trama golpista foi um fiasco. Como o próprio “hacker” admitiu aos policiais depois de ser preso, a urna eletrônica é inexpugnável, pois, como a Justiça Eleitoral já cansou de explicar, o aparelho não está conectado à internet.

Diante desse revés eminentemente técnico – o único capaz de parar bolsonaristas como a sra. Zambelli, pois barreiras morais há muito já foram obliteradas –, a deputada, então, teria pedido ao tal “hacker” para que “invadisse” o celular do ministro Alexandre de Moraes, a fim de bisbilhotar mensagens que pudessem desaboná-lo e, assim, minar sua credibilidade e isenção como membro do Supremo e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, além de instalar no País o caos em que vicejam esses inimigos da democracia.

Ainda que apenas metade dessa história seja verdadeira, ela basta para servir de exemplo do manual clássico do bolsonarismo. Uma das regras não escritas desse movimento, se assim pode ser chamado, é jamais se dar por vencido quando uma tentativa de abalar a paz social ou subverter a ordem democrática der errado.

Incapaz de operar dentro das regras do jogo democrático, o bolsonarismo apenas se serve de seus instrumentos, tal como um parasita, para minar suas forças. Seus representantes, a começar por Bolsonaro, claro, jamais se ocuparam de projetos sérios para o País. Suas ações são conduzidas, já dissemos, sob o signo de Tânatos, o deus da morte na mitologia grega, não raro flertando com a delinquência.

A política, como meio civilizado de concertação em torno dos muitos interesses da sociedade, há de ser saneada pela vida constitucional. Isso passa pelo expurgo de políticos que não vivem bem sob a luz das liberdades democráticas.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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