Personagens inacreditáveis pululam nessa terra plana e arrasada do bolsonarismo, que incendiou as Forças Armadas e arrastou de generais a sargentos, da ativa e da reserva, para os escombros. O mais novo personagem é o hacker Walter Delgatti Neto, que abriu o jogo nesta quinta-feira na CPMI do Golpe e vai depor à PF na sexta-feira, pela terceira vez.
Delgatti disse que se reuniu com Bolsonaro no Alvorada e foi encaminhado por ele para a Defesa, onde foi cinco vezes, conversou com o então ministro, general Paulo Sérgio, integrou e participou do relatório final da comissão de militares criada para atacar as urnas eletrônicas. Para quê? Para alimentar o descrédito do TSE, urnas, eleições e… viabilizar um golpe.
Atenção: Bolsonaro negou tudo, mas admitiu o fundamental, por absoluta falta de condições de negá-lo: sim, ele se reuniu com Delgatti e, sim, ele o mandou para a Defesa. O que, raios, um presidente conversa com um hacker de má reputação, envolvido em estelionato, no meio da eleição presidencial?
Se a organização criminosa (segundo a PF) das joias funcionava no Planalto, os encontros do chefe com os executores eram na residência oficial da Presidência, onde Bolsonaro dava ordens ao tenente coronel da ativa Mauro Cid e recebia Delgatti, Frederick Wassef, Carla Zambelli, Marcos do Val, o condenado Daniel Silveira. Fabrício Queiroz também andou por lá?
Delgatti, na quinta, e o terceiro advogado de Cid, na quarta, tornam cada vez mais sombrio o futuro de Bolsonaro. Segundo o criminalista Cezar Bittencourt, “militar cumpre ordens e vai ficar claro quem é quem e até onde vai a responsabilidade de um e de outro”. Quem “atendia ordens”? Mauro Cid. Quem dava ordens? Bolsonaro. Um era executor e o outro era mentor, mandante, beneficiário – logo, o principal responsável.