Lewandowski toma posse no MJ e diz que combate ao crime precisa ir além de ‘ação policial enérgica’ (com comentário nosso)

By | 01/02/2024 10:14 pm

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu posse ao novo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, nesta quinta-feira (1º), em cerimônia no Palácio do Planalto. Ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), Lewandowski substitui Flávio Dino, que foi nomeado para uma cadeira na Corte.

Em discurso durante o evento, o novo ministro disse que, para o combate à violência no país ter sucesso, precisa ir além da “enérgica ação policial”.

“É escusado dizer que o combate à violência, para ter êxito, precisa ir além de uma permanente enérgica ação policial, demandando políticas públicas que permitam superar apartheid social que continua segregando”, afirmou.

O tema da segurança pública tem ganhado cada vez mais protagonismo no ministério, em meio ao crescimento de organizações criminosas no país e a episódios de violência gerados por disputas entre facções, como vistas no Rio de Janeiro e na Bahia.

O próprio presidente Lula, após o discurso de Lewandowski, pediu empenho no combate ao crime organizado, e disse que ele funciona como uma “indústria multinacional”.

Ao Ministério da Justiça estão ligados a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e a Força Nacional, que tem sido enviada aos estados para reforço na segurança em momentos de crise.

No discurso, Lewandowski afirmou que a criminalidade no país é resultado de mazelas históricas e que “não há soluções fáceis” para essas questões.

Por isso, para o novo ministro, “não adianta” endurecer penas ou focar no encarceramento para combater o problema. Segundo Lewandowski, a atuação da pasta tem que ser focada em políticas públicas, inteligência, e na cooperação com estados e municípios para “sufocar as facções criminosas”.

O ministro disse que dará continuidade ao trabalho de Dino na pasta, e apontou que o combate ao crime organizado terá especial atenção durante a gestão dele.

“É nossa obrigação, e o povo assim espera, que o Ministério da Justiça dedique especial atenção à segurança pública, que ao lado da saúde é hoje uma das maiores preocupações da cidadania”, disse Lewandowski.

“Mas é preciso compreender, todavia, que a violência e criminalidade que campeiam entre nós não são problemas novos, são mazelas que atravessam séculos de nossa história, remontando aos tempos coloniais, em que índios e negros recrutados à força desbravavam sertões inóspitos e labutavam à exaustão nas lavouras de cana e de café e nas minas de ouro, prata e pedras preciosas para proveito de uns poucos”, completou ele.

Lula anunciou a escolha por Lewandowski em 11 de janeiro, e a nomeação foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) 11 dias depois. A exoneração de Flávio Dino foi oficializada nesta quinta. Ele permanece como senador até 22 de fevereiro, quando toma posse no STF.

Em entrevista à GloboNews, em janeiro, o novo ministro da Justiça já havia afirmado que focará esforços na área da segurança pública, e que pretende investir em atividades de inteligência e na coordenação de polícias para combater o crime organizado.

“A segurança pública merecerá especial atenção do Ministério da Justiça sob minha gestão, que deverá expandir as atividades de inteligência e a coordenação entre as distintas autoridades policiais da União, estados e municípios para um combate mais eficaz, mais eficiente, à criminalidade organizada”, declarou.

Comentário nosso

Tem toda razão o novo Ministro da Justiça. O problema da violência não se resolve só com mais eficiência policial. Cabe ao Ministério da Justiça pugnar por uma polícia mais eficiente, o que se reflitirá também em mais eficiência da Justiça, evitando a impunidade que realimenta a violência. Mas há inúmeros outros fatores de cunho econômico e social (fome, tráfico, desemprego, educação insuficiente e outros males) que alimentam a violência e só com um combate efetivo a todos estes fatores se chegará a uma atenuação da violência a níveis suportáveis. Violência sempre haverá, ninguém pode se enganar. Mas no Brasil está chegando a níveis insuportáveis e algo tem que ser feito com toda urgência para minimizar a violência.  (LGLM)

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Category: Nacionais

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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