(José Romildo Sousa, Escritor, poeta, historiador e consultor cultural, no Facebook, em 28/03/2024)
Como acontece desde 1954, portanto, há exatamente 70 anos, toda quinta-feira da Semana Santa a população masculina do município de Patos se concentra em frente à Igreja de Nossa Senhora da Conceição – a 1º edificação da Urbs -, localizada na Praça João Pessoa (a Praça do CEPA), para, a partir da meia-noite, sair dali em caminhada pelas principais avenidas da cidade cantando e orando e, assim, participando do singular evento religioso mais conhecido como A PROCISSÃO DOS HOMENS.
A Procissão tem a duração de 1 hora e o seu término acontece na Catedral de Nossa Senhora da Guia, local onde os participantes, num gesto de significativa espiritualidade, retiram do caixão do Senhor Morto, flores que o ornamentavam e guardam-nas como relíquias, para livrá-los dos supostos atropelos que o dia-a-dia pode proporcionar.
Um dos fundadores da Procissão dos Homens, Vigolvino – o Grande – que por muito tempo foi também sacristão, revelou que no início, toda quinta-feira da Semana Santa, juntava-se com alguns adeptos do ping-pong e ficavam jogando na sede da “Ação Católica”, instituição religiosa que ficava localizada ao lado da Igreja de Nossa Senhora da Guia. Lá pelas tantas, quando as pessoas estavam dormindo e as ruas completamente desertas, eles iam até a Igreja da Conceição, pegavam o Senhor Morto e o traziam para a Matriz Diocesana.
Com o passar do tempo, segundo “Vigô” o número de participantes foi aumentando consideravelmente a cada ano. Em uma determinada ocasião a multidão já se tornava quase incontrolável. Nesta oportunidade, ocorreu que alguns populares resolveram ir buscar o Caixão do Senhor Morto mais cedo que o de costume. Houve então um começo de tumulto, que foi controlado, após muito diálogo. Devido este acontecimento, a Igreja resolveu assumir, em definitivo, a Procissão. Naquela época, dirigia os destinos religiosos de Patos o Padre Francisco de Assis Sitônio, que foi vigário da Matriz de 1953 a 1959.
A Procissão, como de costume, sai impreterivelmente à meia noite da frente da Igreja da Conceição. O carro batedor da polícia segue na frente, os fiéis atrás vão se revezando no transporte do andor e acompanhando os cantores, que vão no carro de Fernando Som: “Perdão Meu Jesus / Perdão Deus de Amor /Perdão Deus Clemente / Perdoai Senhor”.
O cortejo segue por várias avenidas da cidade, até chegar a Catedral Diocesana onde o Vigário da Diocese os espera para as últimas orações.
Encerrada a Procissão e feita às últimas orações, o Senhor Morto é levado para o interior da Igreja Catedral de Nossa Senhora da Guia, localizada na Rua Solon de Lucena, onde tem inicio um dos momentos mais esperados pelos participantes da caminhada: a retirada das relíquias. Os devotos se comprimem em volta do Senhor Morto e travam uma grande disputa na busca de conseguir uma flor, uma rosa, um cravo, ou mesmo uma pequenino ramo que ornamentavam o caixão e que será guardado com muito carinho, respeito e devoção.
A Procissão dos Homens, originaria da cidade de Patos, nasceu da necessidade de trazer o Caixão do Senhor Morto (que permanece durante todo o ano na Igreja da Conceição) para a Matriz de Nossa Senhora da Guia, de onde sai toda Sexta-feira Santa, a partir das 17:00 horas, acompanhado por uma grande quantidade de paroquianos que vão reverenciando a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo na perspectiva da sua ressurreição.
Esta Procissão, a da sexta-feira, tem o seu encerramento na Igreja da Conceição, onde o senhor morto fica exposto em adoração até as 21:00 horas e, em seguida, é por ela acolhido para ali permanecer, por mais um ano.
Todas as reações:
Toinho Pereira, João de Lima e outras 8 pessoas
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