Caso Marielle: Congresso e governo são cobrados a propor reforma das Polícias (confirma comentário nosso)

“Se o Congresso quiser tomar uma atitude séria, precisa montar uma comissão e apresentar uma proposta”, cobra Rafael Alcadipani, integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e professor da FGV. Ele sugere, por exemplo, a adoção de mandato e metas para os chefes de polícia, como ocorre no Chile. “Chefes que não são independentes atendem a grupos politiqueiros”, alerta.

O procurador de Justiça do Ministério Público de São Paulo Márcio Sérgio Christino ressalta que o problema é estrutural e defende regulamentação mais ampla. “A questão do Rio é muito particular, não se reflete nos outros estados. A regulamentação tem de ser pensada primeiramente em nível nacional e refletir a necessidade de uma intervenção ou produção de um modelo de polícia diferente do existente”.

O pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP Bruno Paes Manso ratifica a avaliação de que o problema está na morfologia do sistema. Para ele, mudar a forma de indicação é algo pontual. “É cosmético se não se admitir o grau de profundidade do problema”. Ele defende investigação aprofundada “para que as polícias Civil e Militar sejam refeitas e a penetração do crime nas instituições executivas no Rio sejam assumidas como problema grave”.

Comentário nosso

É inegavelmente urgente que se faça uma reforma das diversas polícias do Brasil, para que sejam realmente eficientes e confiáveis. Seria talvez interessante que os chefes de polícia tivessem um mandato pré-estabelecido para evitar que se acomodem na função ou se viciem nas vantagens de que possem usufruir, inclusive de origens escusas. Agora o que não se pode é determinar que sejam eleitos por voto popular. Se as faccões e milícias já elegem vereadores e deputados, com maior interesse se empenharão em eleger os chefes de polícia, pelas vantagens que isso lhes traria. Deveria se procurar uma forma de escolher os chefes de polícia que evitasse ao máximo a interferência política nessa escolha. Que isso é dificil, todos sabemos que é. Mas é necessário o maior empenho neste sentido. E que ninguém pense que só no Rio de Janeiro há pessoas nos comandos das polícias de conduta duvidosa. (LGLM)