A inegável urgência de uma reforma nas polícias (ouça a íntegra do texto)

By | 09/04/2024 5:33 pm

(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 09/04/2024)

O desvendamento recente do crime de que foi vítima a vereadora carioca Marielle Franco, apontando quem eram os mandantes do crime, mostrou mais uma vez que parte da polícia estava do lado dos criminosos. Um chefe da polícia do Rio de Janeiro é acusado de comandar não só o acobertamento dos criminosos, como a própria realização do crime.

Mais recentemente, juntaram mais de seiscentos policiais das mais diversas origens para prenderem os criminosos fugitivos de uma penitenciária federal em Mossoró e durante cinquenta dias, policiais federais e estaduais não conseguiram sucesso. Só depois que dispensaram a Força Nacional que é composta de policiais estaduais de diversos estados, além de policiais militares de estados vizinhos, entre os quais alguns da Paraíba, é que a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal, usando os serviços de inteligência, conseguiram prender os dois criminosos, mostrando a incompetência das demais corporações.  Os dois criminosos eram levados por um “comboio do crime”, formado por três automóveis que conduziam os dois criminosos e quatro outros bandidos que lhes davam cobertura. Os criminosos foram presos próximo a Marabá, no Pará, cerca de mil e seiscentos quilômetros distantes de Mossoró.

Que há nas nossas polícias pessoas motivadas por interesses outros que não os interesses da sociedade, é demonstrado pela participação de policiais em inúmeros crimes, assim como a falta de empenho em muitos casos, sujeitos a sua elucidação. O que resulta na impunidade que incentiva novos crimes.

Um caso já abordado por nós e que provoca suspeição sobre a atuação das diversas polícias é o que tem sido mostrado frequentemente por ouvintes nossos com relação às “bocas-de-fumo”, aqui em Patos. Como é que todo mundo sabe quando existe uma “boca-de-fumo” em sua rua e só a polícia não sabe? Vocês poderiam alegar que a população não comunica à polícia. Mas nós fizemos duas tentativas de repassar informações que recebemos de ouvintes nossos sobre determinadas “bocas-de-fumo”. A primeira tentativa foi em telefone a uma autoridade militar, para quem nos identificamos e a quem demos o endereço da “boca”. A autoridade alegou que não podia mandar fazer um flagrante e que só podiam agir com um mandado judicial. Se qualquer do povo pode fazer prisões em flagrante, por que a própria polícia não pode? E porque não mandar fazer uma campana e, verificando o fato, não pedir a autorização judicial? Mais recentemente ligamos para um delegado da civil, nos identificamos,mm e perguntamos se ele podia receber uma denúncia. Ele nos respondeu que eu teria que telefonar para o 197 e fazer a comunicação, garantindo o sigilo da denúncia.

Nos dois casos eu perguntaria. Por que eles não aceitam as denúncias pessoais? Será que temem se comprometer? Que interesses  existem por trás do seu desinteresse na apuração? Por que uma denúncia anônima tem mais valor do que uma denúncia feita pessoalmente por uma pessoa que se identificou devidamente? Se uma denúncia feita pelo telefone por uma pessoa que se identificou não tem valor, de que adianta fazermos denúncias anônimas? Talvez porque, pelo fato de serem anônimas, ninguém fique sabendo que as denúncias foram feitas e eles possam “ficar bem na fotografia”, alegando que não agem porque o povo não denuncia.

Ouça a íntegra do texto:

 

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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