Siqueira diz que governo Lula não ouve aliados: ‘ninguém pode dar conselhos a quem não quer ouvir’ (confira nosso comentário)

By | 29/04/2024 7:50 am

Presidente do PSB evita cravar apoio da sigla à reeleição do petista, mas ressalta que está ‘sempre disposto’ a ajudar o Planalto e elogia a condução da economia

 

(Roseann Kennedy, na Coluna do Estadão, com Eduardo Gayer e Augusto Tenório, em 29/04/2024)

O presidente do PSB, Carlos Siqueira, afirma que o conselho político do governo Lula “nunca funcionou” e que não vê o Palácio do Planalto aberto a sugestões da base aliada. “Ninguém pode dar conselhos a quem não quer ouvir conselhos. Na hora que o presidente achar que deve ouvir alguém, ele chama. É mais importante para ele do que para a gente”, afirmou o correligionário do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), em entrevista ao Broadcast Político/Coluna do Estadão.

Siqueira, porém, ressalta que o PSB está sempre disposto a ajudar o governo e faz elogios à condução da economia. “O [ministro da Fazenda, Fernando] Haddad é uma boa surpresa no governo, tem dado um rumo à economia que muitos duvidavam que ele pudesse dar”, acrescentou.

O presidente do PSB, Carlos Siqueira.
O presidente do PSB, Carlos Siqueira. Foto: FOTO ARQUIVO/PSB

Veja os principais trechos da entrevista:

O governo tem enfrentado queda na popularidade. Qual é a causa e o que o Poder Executivo deve mudar para reverter esse cenário?

Acho que o eleitor, seja ele de qual origem, está esperando coisas novas, cria novas expectativas, e o governo do presidente Lula, muito embora eu ache muitas coisas positivas, é uma repetição dos anteriores. Não é um programa propriamente novo, uma mudança que você diga assim: ‘Isso aqui é uma grande novidade’. Embora a reconstrução de vários programas seja importante, não nego isso, mas era preciso pensar um pouco em algo que pudesse ser, digamos, surpreendente para o eleitor.

O sr. avalia que o governo não consegue sair da bolha?

Muitas coisas mudaram e a forma de fazer política também precisa mudar. Nesse sentido, a esquerda carece de uma atualização muito grande para que ela possa retomar seu protagonismo. O fato de ganhar uma eleição não significa que você está hegemônico na sociedade, até porque a eleição que se ganhou foi de uma frente amplíssima que inclui setores de centro-direita e de direita mesmo e que eram só favoráveis à democracia, que é um termo muito amplo. Mas há diferentes visões desse campo que ganhou as eleições e a esquerda precisa ter sua própria política capaz de mostrar sua identidade, assim como a extrema-direita está mostrando.

Há abertura do governo para sugestões e conselhos do PSB?

Não, o conselho político nunca funcionou. Diferentemente de outros governos em que havia um Conselho Político. Isso não aconteceu. A gente só pode dar conselhos a quem pede. Ninguém pode dar conselhos a quem não quer ouvir conselhos. O PSB está aqui para ajudar e, mais do que dar conselhos, deve fazer as coisas bem feitas, e acho que está fazendo, onde for chamado a colaborar. Na hora que o presidente achar que deve ouvir alguém, ele chama. É mais importante para ele do que para a gente.

No ano passado, com a ida do ministro Flávio Dino para o STF, o PSB perdeu espaço no governo. Caso haja uma nova reforma ministerial, a legenda vai pleitear novos ministérios?

O PSB, diferentemente de outros partidos, não apoia o governo porque tem ministérios. Fizemos todo o esforço possível para garantir a eleição do presidente Lula, fomos o principal partido, depois do PT. Depois da eleição, o presidente decidiu colocar três quadros importantes do PSB nos ministérios. Mas não estamos apoiando por essa razão. Estamos apoiando porque queremos melhorar a qualidade da democracia, queremos ajudar para melhorar a qualidade do governo também, queremos que o governo dê certo. Agora, isso não é uma visão acrítica. Concordamos com algumas coisas e discordamos de outras.

Ficou uma impressão de que o governo desprestigiou Márcio França, um quadro do PSB, ao remanejá-lo do Ministério de Portos e Aeroportos para a pasta de Micro e Pequena Empresa.

O problema não foi a mudança, foi a forma. Deixamos muito claro. A forma foi, digamos assim, absolutamente incivilizada, porque poderia ter chamado o partido e o próprio ministro para uma conversa e se faria tudo aquilo sem nenhuma rusga. Foi uma forma grosseira, incivilizada e quase inaceitável. Mas não é o fato de ter mudado o ministério, porque a questão das micro e pequenas empresas não é menos importante que os portos. Não achamos que houve um rebaixamento.

Ainda há incômodo do partido com esse episódio?

Não, é uma questão superada.

O PSB vai apoiar a reeleição do Lula em 2026?

É cedo demais. Hoje, a nossa preocupação deve ser para que o governo melhore, dê certo e seja um sucesso. Qual decisão tomaremos em 2026 só vamos saber lá em 2026 porque dois ou três anos no Brasil em matéria de política é quase uma eternidade.

O governo anunciou mudança na meta fiscal de 2025, de superávit de 0,50% para déficit zero. A gestão está abandonando, aos poucos, a responsabilidade fiscal?

Não diria que está abandonando, está flexibilizando. Isso pode gerar uma certa desconfiança, porque vivemos hoje nessa cobrança permanente de meta. Mas o governo, por outro lado, precisa ter recursos para fazer seus investimentos em infraestrutura. Hoje, o recurso é muito dirigido ao pagamento de juros da dívida pública, que é imensa. O governo também tem suas obrigações, tanto com a manutenção de programas sociais, do sistema de saúde, de educação e a infraestrutura. Acho que esperava uma arrecadação maior do que está tendo com a reforma fiscal. Talvez, por isso, tenha feito essa flexibilização de meta. Mas não me parece comprometer o rumo da economia.

Comentário nosso
Fragilizado, Lula só ouve o Centrão e só atende ao Centrão. E vai caminhando em busca do “matadouro”. Muito lúcida a entrevista de Carlos Siqueira. E o eleitor deve ir se preparando para escolher outro candidato para as eleições de 2026. Lula já era. Só ouve Janja e seu entorno e não ouve o grito das ruas. Marcha direto para o Beleléu. Votei nele umas dez vezes, mas de agora em diante, só votarei nele se conseguirem apenas candidatos da qualidade de Bolsonaro ou piores do que ele. Por enquanto, Haddad é muito melhor do que Lula e a caterva que está junto do atual presidente. (LGLM)

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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