(Misael Nóbrega de Sousa, jornalista, professor universitário e poeta, em 19/12/2014)
Bom dia, ouvintes do Notícias da Manhã.
Hoje, o assunto não poderia ser mais absurdo, mais cínico, mais… patético. Em pleno final de ano, enquanto os servidores públicos de Patos acumulam anos de salários congelados, enquanto o cidadão batalha para fechar as contas em meio a uma economia fragilizada, a Câmara Municipal de Patos nos brinda com mais um espectáculo de desprezo pelo povo.
A mesa diretora, num ato que só podemos descrever como surreal, aprovou às pressas uma verba de gabinete destinada a cobrir despesas dos próprios vereadores. Tudo isso sob o pomposo nome de “verba indenizatória”, como se eles estivessem nos fazendo um favor ao gastar nosso dinheiro.
Agora, pergunto: indenização de quê? Por acaso os vereadores estão pagando pelo custo das promessas que não cumprem? Ou estão cobrindo os danos morais que sofrem ao justificar para o povo o aumento dos próprios subsídios no final do ano passado? vocês lembram… “Com um aumento de 70% para 2025 a remuneração básica dos vereadores subiu de R$ 10 mil para R$ 17 mil. A presidente da Câmara, por sua função administrativa, passa a receber R$ 22 mil”.
A desculpa para essa nova desfaçatez, aprovada na calada da noite, é sempre a mesma: “faz parte do orçamento, o duodécimo é calculado com base na receita municipal”. Ah, mas é claro! É fácil gastar o que não é seu, especialmente quando o salário do servidor não aumenta, mas o deles cresce na surdina.
E a cereja do bolo? A presidente da casa, que parece não apenas comandar, mas reinar no Legislativo, já mira na possibilidade de reeleição. Pois é, o interesse público fica no banco de reservas enquanto o jogo político segue no campo das vaidades e interesses pessoais.
Me digam, ouvintes, o que esperar de uma gestão que, ao invés de cortar privilégios, aumenta regalias? De uma Câmara que, ao invés de enfrentar as dificuldades financeiras da cidade, prefere alimentar seu próprio apetite insaciável?
Fica aqui a nossa denúncia, o nosso alerta, e, principalmente, a nossa indignação. A Câmara Municipal de Patos precisa lembrar que cada centavo do orçamento público é dinheiro do povo, e não uma verba sem limite para financiar ambições políticas.
Afinal, quando uma casa legislativa perde a vergonha, quem paga a conta, como sempre, é o cidadão comum.
E você, vai se calar?
*Editorial do jornal Notícias da Manhã, da rádio Espinharas FM de Patos, em 19 de dezembro de 2024.