Gosto de sangue nas redes sociais

By | 27/12/2024 7:00 am

Ouça o áudio

(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias a Manhã, da Espinharas FM, em 27/12//2024).  

Tenho feito o maior esforço para acompanhar as modernidades. Uma delas é o uso das redes sociais. E para aprender a gente tem que recorrer aos mais jovens. Mas, como diz a sabedoria popular, “é vivendo e aprendendo”.

Outro dia, conversando com o colega Pedro Palito, com de idade um pouco maior do que meu tempo de rádio, manifestei a minha estranheza com a quiantidade de notícias policiais que são divulgadas nas redes sociais. São assassinatos, assaltos e desastres a perder de vista.

Não seria de admirar se tais fatos acontecessem nas cidades de origem dos sites, ou com pessoas das comunidades que a eles têm acesso. Ou que se tratassem de desastres naturais que impactassem o mundo todo. Mas as redes sociais vertem sangue de acontecimentos em qualquer parte do muindo, sem que sejam casos de guerras, envolvendo pessoas nas quais nunca tínhamos ouvido falar. A quem interessa um assassinato qualquer, cometido em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, a não ser envolvendo um grande chefe de facção ou bicheiro famoso? Mas o sangue corre, seja de qualquer pé de chinelo for, pelas razões mais diversas.

Nós próprios evitamos as notícias policiais, a não ser que se refira a algum golpe novo cometido através da internet, ou a um ação policial que sirva de exemplo para o cidadão comum não ser objeto dela. Mortes ou crimes comuns, sem uma lição que possamos aprender, entendemos que não vale a pena divulgar.

Mas o que me surpreendeu foi a resposta de Pedro Palito para a minha estranheza com tanto sangue nas redes sociais. Segundo ele, rede social que não tenha notícia de violência não dá IBOPE, não tem audiência ou freqência dos leitores. Segundo ele, quanto mais sangue verter de uma rede social, mais curtidas ela vai ter. E lembrou o exemplo de problemas nacionais de televisão. Os de maior Ibope são os que mostram desastres ou assassinatos. Pobres de nós jornalistas antigos a quem só a notícia que informa pode interessar!

Diante da violência que grassa no país, a gente acha válida a explicação de Pedro, mas o fato passou a me preocupar.

Primeiro, quanto mais notícia de violência eu vejo, ouço ou assisto, mais temeroso eu fico em sair de casa. Hoje eu já me dispo de qualquer penduricalho de algum valor, para não chamar a atenção dos assaltantes contumazes ou eventuais, quando ando pela rua. Segundo, por que banaliza a violência e os meros assistentes de hoje se transformam nos insensíveis praticantes de amanhã, tão banal passa a ser cometer crimes.

Por que votamos nos políticos por mais ladrões que sejam? Por que ser político ladrão passou a ser banal, passou a ser constumeiro. Político que não rouba é político besta. E seguindo o exemplo dos políticos passamos a praticar pequenos furtos, grandes esquecimentos e por aí vai a nossa ombridade, a nossa honestidade. Hoje a gente é vista como besta se receber um troco a maior e devolver, mesmo sabendo que o pobre do caixa é quem vai pagar a diferença e até perder o leite dos meninos. A violência e a desonestidade estão passando a ser coisas comuns e o mundo está ficando cada vez mais difícil de se viver nele.

Afinal onde vamos parar, já que nem o medo do inferno produz temor a mais ninguém?

 

Comentário

Category: Blog Meus escritos

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *