(Patos Online)
Com a presença de um grande público, a sessão que escolheu o novo prefeito interino de Patos foi iniciada às 18h15, desta sexta-feira (23/08). Ivanes Lacerda será o quarto gestor a assumir a administração da cidade em menos de três anos.
Por volta das 18h46, a vereadora Edjane Araújo renunciou à disputa e anunciou apoio ao vereador Ivanes Lacerda.
Em seu discurso, o prefeito interino agradeceu a vereadora Edjane Araújo pela renúncia, parabenizando-a pela sua ética. “Essa eleição foi a unificação do poder legislativo. O poder legislativo deu exemplo de responsabilidade e de ética. Foi uma votação quase por unanimidade”, disse Ivanes.
“Começamos agora uma tarefa muito árdua. O município de Patos vive um momento econômico, financeiro e orçamentário muito grave. Eu, sozinho, não tenho como resolver. Nem eu nem nenhum ser vivente. Na democracia representativa, todas as ações do poder executivo precisam ser analisadas e chanceladas por esta casa. O prefeito só pode tomar decisões e realizar ações que sejam permitidas por esta casa.”
“O poder executivo precisará diuturnamente do poder legislativo. O prefeito precisará do vereador. O vereador vive sem o prefeito, mas o prefeito não administra sem a maioria qualificada”, discursou.
“Nenhum vereador precisa pedir pra entrar onde o prefeito estiver, enquanto eu estiver no comando do executivo, a transparência será 100%. A ética será absoluta. A separação prevista filosoficamente, da independência dos poderes, ficará só para a filosofia”, completou.
Votaram em Ivanes os vereadores Diogo Medeiros, Dito, Edjane Araújo, Fátima Bocão, Ferré Maxixe, Goia, Gordo da Sucata, Jefferson Melquíades, Nadir, Ramon, Sales Júnior, Tide Eduardo, Toinho Nascimento e o próprio Ivanes. Votaram no Capitão Hugo o vereador Suélio Caetano e o próprio Capital Hugo. Lucinha Peixoto se absteve.
Comentário do programa – Como se chegou a este resultado surpreendente? Tide partiu na frente, apresentando-se para se inscrever como candidata, na quarta-feira, acompanhada de seis vereadores, o que lhe daria, com o dela, quase metade dos votos: sete. Com mais dois votos ela estaria eleita. Para quem conhecesse a capacidade de convencimento de Marcos Eduardo, seria muito fácil. Parece, entretanto, que as coisas não estavam tão fáceis. Conversas e reuniões as mais diversas aconteceram na quinta e na sexta. E Tide chegou na Câmara, tentando atrair os votos de Capitão Hugo, que se dizia inamovível, e Suélio Caetano, que se dispunha a votar nele. Diante da possibilidade àquela altura de um acordo entre Ivanes (a quem se atribuiam três votos) e Edjane (que teria outros cinco), Tide teria que atrair os votos de Hugo/Suélio, indispensáveis para fazer a maioria, já que com apenas um ela empataria com Ivanes/Edjane e no caso de Ivanes permanecer candidato ele ganharia na condição de mais velho. Aí aconteceu a desistência de Edjane em favor de Ivanes, o que resultaria em oito votos para ele. E sem demover Hugo/Suélio, para chegar aos nove votos, Tide viu que perderia a eleição. Diante disso, assumiu a direção da mesa, desistindo assim da sua postulação. A maioria dos vereadores adeptos de Tide, com exceção de Lucinha, migraram para Ivanes, dando-lhe uma quase unanimidade. Quatorze votos contra dois de capitão Hugo e a abstenção de Lucinha. Elogiável a coerência de Capitão que desde o início disse que manteria sua candidatura até o fim. E elogiável também a atitude de Edjane que, apesar de contar com mais votos do que Ivanes, aceitou desistir de sua postulação para dar ao companheiro a oportunidade de se despedir, como tem anunciado, da vida pública, depois de governar a cidade de Patos. Todos os quatro candidatos tinham preparo suficiente para assumir a função de prefeito, e consequentemente do exercício da presidência da Casa. Mas a própria população reconhece em Ivanes, a condição de conduzir interinamente os destinos da cidade de Patos, pela sua independência, equilíbrio e preparo intelectual e administrativo. Medidas duras e amargas têm que ser tomadas. Exoneração de comissionados, dispensa de contratados, fiscalização da atividade dos efetivos, corte de despesas, tudo enfim que for necessário para reduzir as despesas da Prefeitura para conter um déficit mensal hoje próximo de um milhão de reais, apesar de algumas medidas de austeridade tomadas nos últimos meses. Ivanes apelou, e com toda razão, para o apoio da Câmara, sem o que é impossível avançar. Esperamos que os senhores vereadores, pelo menos em sua maioria, tenham criado juízo e concluam que precisam abrir mão de suas pretensões de benefícios, em favor de toda a população. Vamos ficar de olho neles que certamente terão juízo diante da proximidade das próximas eleições. Com o apoio da Câmara, o sucesso de Ivanes será também o sucesso dos vereadores e será reconhecido, nas eleições do ano quem, pelos eleitores. Quem não colaborar pode ir, desde já, “tirando o cavalinho chuva”, deixando a vaga para quem queira exercer o mandato no interesse da população e não no próprio interesse.
Segundo as más línguas, teve vereador que ficou decepcionado porque, com a desistência de Tide e Edjane, não teve quem pagasse pelo seu voto. (LGLM)