(Veja comentário no final)
O governo Temer e os políticos de um modo geral continuaram “cheios de dedos” para comentar a prisão de Eduardo Cunha. De volta da Índia e do Japão, o presidente, via novo porta-voz, Alexandre Parola, limitou-se a dizer que o encarceramento do ex-presidente da Câmara não afeta a agenda do país e que jamais interferirá na Operação Lava-Jato. O Congresso, mais do que nas quintas-feiras habituais, esteve oco de parlamentares – e especialmente de opiniões sobre o antigo colega e líder.
A realidade, porém, é distinta: o clima no universo político continuou variando entre a apreensão e o puro medo. De um lado, pelo que Cunha pode fazer e delatar, ainda mais depois da notícia que o ex-deputado contratou para reforçar sua defesa um advogado especializado em delação premiada. De outro, porque se teme que o pânico paralise o Congresso e atrase a votação dos projetos da área econômica. O atarantado dos deputados e senadores na quarta-feira assustou. Parecia um bando de fantasminhas com medo do fantasmão que pode se materializar em Curitiba.
Os movimentos do mercado financeiro na terça, especialmente a subida dos juros mesmo após a queda de taxa básica em 0,25% ponto percentual determinada pelo Copom na quarta-feira, pode está sendo visto como um sinal de que os meios econômicos começam a se assustar (e a se proteger) com esse possível atraso nas decisões do Congresso.
Em algum sentido pode estar aí, inclusive, a explicação para a volta antecipada do presidente Michel Temer de sua viagem ao Exterior. O governo precisa concentrar forças para tentar abafar os efeitos negativos da prisão de Cunha. Agora, mais do que nunca é necessário votar na semana que vem, de preferência tão logo na segunda-feira, 24, como está programado, o segundo turno da PEC do Teto de Gastos e encaminhar o projeto imediatamente para o Senado. E ganhar de novo na Câmara com mais que os 366 votos do primeiro turno.
Temer, inclusive, está convidando os deputados aliados para uma conversa na segunda-feira pela manhã no Palácio do Planalto, numa espécie de “reunião de Trabalho”, para tê-los cedo em Brasília. Como já o fez com sucesso na véspera da votação do primeiro turno com um jantar festivo no Palácio da Alvorada. Na noite de segunda é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, quem oferece um jantar para cerca de 400 deputados, com direito a presença de Temer e do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
O governo, para mostrar também que a “síndrome Cunha” não vai afetar de forma alguma sua disposição de agir na frente econômica, deve precipitar as reuniões de debate dos termos do projeto de reforma da Previdência, com a convocação dos encontros prometidos – e adiados – com as lideranças sindicais e empresariais. Não será surpresa se a proposta oficial estiver pronta para ser mandada para o Congresso em pouco mais de uma semana.
A ordem em Brasília é não mostrar abatimento nem sofrer por antecipação com as acusações que se teme Cunha pode lançar sobre peemedebistas e aliados do presidente se resolver destravar sua bomba relógio. Segundo o “Valor Econômico”, o ex-deputado disse a seus advogados que precisa falar e vai falar.
Comentário do programa – E daqui prá lá, haja Rivotril e Lexotan. (LGLM)