Ministro Marco Aurélio tem razão em determinar a realização do Censo

By | 29/04/2021 10:56 am

Marco Aurélio determina que governo realize Censo ainda em 2021

A decisão do ministro do STF atendeu a um pedido do governo do Maranhão. Na prática, Marco Aurélio determinou que o governo adote as medidas técnicas e logísticas para realizar o Censo Demográfico e destacou que houve omissão do governo.

(Jornal Nacional, 28/04/2021, com comentário nosso no blog)

Marco Aurélio determina que governo realize Censo ainda em 2021

O ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio determinou que o governo federal realize, ainda em 2021, o Censo Demográfico do IBGE.

A decisão do ministro atendeu a um pedido do governo do Maranhão. O estado acionou o Supremo para que o governo federal realizasse a pesquisa – uma radiografia do país que, por lei, é feita a cada dez anos. Por causa da pandemia, o Censo de 2020 foi transferido para 2021.

O levantamento orienta políticas públicas e distribuição de recursos. É a partir dele, por exemplo, que se mede a pobreza do país, e necessidades básicas dos municípios, como número de escolas, estrutura de habitação e saneamento.

Na semana passada, a equipe econômica do governo anunciou que não havia previsão orçamentária para realizar o censo. Na decisão desta quarta (28), o ministro Marco Aurélio afirmou que “o direito à informação é basilar para o poder público formular e implementar políticas públicas. Por meio de dados e estudos, governantes podem analisar a realidade do país.” E questionou: “como combater desigualdades, instituir programas de transferência de renda, construir escolas e hospitais sem prévio conhecimento das necessidades locais?” O ministro afirmou que suspender o censo fere a Constituição.

Na prática, o ministro determinou que o governo adote as medidas técnicas e logísticas para realizar o censo em 2021 e destacou que houve omissão do governo. Por isso, coube ao Supremo, após ser provocado, decidir sobre o caso. A decisão é liminar, já está valendo, mas o ministro decidiu levar o caso ao plenário virtual do STF, para a análise de todos os ministros. Essa análise deve ocorrer a partir do dia 7 de maio.

Em nota, o governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB, disse que “a decisão do STF garante o cumprimento da Constituição, no que se refere ao direito à informação e aos deveres do governo federal.”

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a decisão do corte do censo foi do Congresso: “não fomos nós que cortamos o censo. Quando houve o corte, quem aprovou o orçamento foi o Congresso. Quando houve o corte, no Congresso, a explicação que nos deram é que, com a pandemia, o isolamento social impediria que as pessoas fossem de casa em casa transmitindo o vírus, porque é físico.”

O corte de R$ 1,7 bilhão no censo estava no parecer final do relator do orçamento, senador Márcio Bittar, do MDB. Segundo o senador, todos os cortes foram acordados com a equipe econômica, aprovados no Congresso e sancionados pelo presidente Jair Bolsonaro.

Antes disso, a verba para o censo já vinha sofrendo sucessivos cortes pelo governo federal: o orçamento pedido pelo IBGE era de R$ 3,4 bilhões, mas, após pressão do governo, caiu para cerca de R$ 2 bilhões. Na votação do Orçamento, no Congresso, foi reduzido para apenas R$ 71 milhões e, no orçamento que está valendo, já sancionado pelo presidente, ficaram só R$ 53 milhões – 1,5% do valor inicial solicitado pelo IBGE.

Depois dos primeiros cortes feitos pelo Congresso, em março, a presidente do IBGE, Susana Cordeiro Guerra, pediu demissão do cargo.

 

Nossa opinião

  • O Ministro tem toda razão. Só se pode governar conhecendo a realidade do país e não são deputados e senadores encastelados em Brasil que vão saber da importância da realização de um censo, para quem quer realmente resolver os problemas do país. Ou seja. Se o Governo quiser mesmo resolver os problemas do país, de educação, de saúde, de emprego e assim por diante, tem que realizar com a frequência recomendável um censo. A tradição é fazer um censo de dez em dez anos, já que a realização custa muito caro. O último censo foi feito em 2010 e um outro deveria ter sido realizada em 2020, até porque as coisas mudaram muito de lá para cá. Como resolver os problemas do país sem conhecê-los.

Só não se a estas alturas ainda seria possível realizar o censo ainda este ano, uma vez que muitas providências já deviam ter sido tomadas, principalmente o treinamento dos recenseadores e a preparação do material e dos progra mas para a realização e tabulação do censo. O sindicato dos funcionários do IBGE que já se manifestou achando difícil realizar o censo ainda este ano.

No caso de não ser possível realizar o censo ainda em 2021, no mínimo o Governo deveria providenciar recursos para a preparação que tem que ser feita ainda este ano e incluir no orçamento de 2022, os recursos necessários para realizar o censo no ano que vem. Caso contrário, o próximo presidente não terá informações para se preparar para governar a partir de 2023. Bolsonaro talvez esteja pensando em “deixar o abacaxi” para quem ganhar dele em 2022. Os deputados e senadores não estão nem ai. Só estão pensando nas emendas parlamentares que vão receber em 2021 e 2022 para financiarem as suas eleições. (LGLM)

 

 

 

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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