Orçamento secreto: ‘Emenda ajuda a acalmar o Parlamento’, admite Bolsonaro

By | 11/04/2022 4:54 pm

Presidente assume que dá cargos e recursos ao Centrão em troca de apoio político

O presidente Jair Bolsonaro assumiu que oferece cargos e recursos federais ao Centrão em troca de apoio político no Congresso. O chefe do Executivo disse ainda que as emendas, no esquema do “orçamento secreto” revelado pelo Estadão, “acalmam” os congressistas.

“Para aprovar qualquer coisa, em especial Emenda Constitucional, passa por eles (parlamentares do Centrão). Agora, nosso relacionamento não é como no passado. Alguns cargos foram dados para partidos de centro, sim, não vou negar isso aí. Agora, nós temos filtros”, disse o chefe do Executivo em entrevista a um podcast veiculada nesta segunda-feira. Bolsonaro comentou ainda os R $16,5 bilhões destinados ao orçamento secreto deste ano. “Essa outra parte de emenda ajuda a acalmar o Parlamento. O que eles querem, no final das contas, é mandar recursos para sua cidade”.

 

Jair Bolsonaro
‘Essa outra parte de emenda ajuda a acalmar o Parlamento’, disse o presidente. Foto: Ueslei Marcelino/ Reuters

Como mostrou o Estadão, o orçamento secreto foi esquema montado com aval do Palácio do Planalto para dar a parlamentares o poder de indicar diretamente repasse de verbas para seus redutos eleitorais por meio de um mecanismo que não permitia a identificação do congressista responsável. O esquema reduzia a capacidade de fiscalização na aplicação dos recursos. Após a divulgação do caso, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que a prática fosse suspensa.

Eleito com o discurso da antipolítica apesar de ter sido deputado federal por 28 anos, Bolsonaro se aliou de vez ao Centrão no ano passado, levando o senador Ciro Nogueira, cacique do grupo presidente do Progressistas, para o coração do governo. Hoje, Ciro é ministro-chefe da Casa Civil e controla o Orçamento.

Como revelou o Estadão, Ciro Nogueira também comanda, por meio do aliado Marcelo da Ponte, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O fundo autorizou uma licitação de ônibus escolares com preços inflados mesmo após alertas de órgãos técnicos. O pregão só teve os valores reduzidos após a publicação das reportagens.

Na última sexta-feira, a Polícia Federal enviou relatório ao Supremo Tribunal Federal (STF) em que diz que o ministro da Casa Civil recebeu propinas do grupo J&F para apoiar a reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2015. De acordo com a PF, Ciro Nogueira cometeu os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Segundo mandato

Na mesma entrevista, Bolsonaro afirmou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, “a princípio” continua no cargo em um eventual segundo mandato dele. “Ele tem muito crédito. Tem que ver se ele quer continuar, como qualquer outro ministro. A princípio, ele continua, sem problema nenhum”, declarou o presidente. “Não tenho críticas a nenhum ministro no momento, logicamente a gente vai fazer pequenas alterações (no caso de outro mandato). O Paulo Guedes é pessoa que foi fantástica por ocasião da pandemia, não sei como Brasil estaria se não fosse uma pessoa da firmeza dele”, acrescentou, em novo afago ao auxiliar.

O principal arrependimento de Bolsonaro neste mandato, disse o presidente, é ter trocado muitos ministros. Dias. “Não teria demitido tantos. Escolhi bem grande parte dos ministros, faltou tempo para escolher melhor alguns outros”, disse o presidente na entrevista.

Entre os principais nomes demitidos por Bolsonaro está Henrique Mandetta (União Brasil), que comandou o Ministério da Saúde no início da covid-19 e foi exonerado por divergências com o Palácio do Planalto sobre a condução da pandemia. Já o ex-ministro da Justiça Sergio Moro (União Brasil) pediu demissão e acusou o presidente de querer interferir na Polícia Federal.

Bolsonaro ainda reforçou sua defesa em vetar a lei Paulo Gustavo, que destinava recursos para o setor cultural. “Tem muitas pontes por fazer, não justifica ir para a cultura. A cultura é importante? É. Repito, tem a lei Rouanet moralizada (para captar recursos)”.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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