Funcionários da Caixa alertam sobre risco do consignado do Auxílio Brasil e sugerem a Lula revisar taxa de juros (seguido de comentário nosso)

By | 01/12/2022 7:03 am

Comitê entregou ao presidente eleito documento com propostas de mudanças na instituição

 

Nathalia Garcia, na Folha, em 30/11/2022)

Comitê formado por funcionários e ex-dirigentes da Caixa Econômica Federal alertou o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em documento entregue nesta quarta-feira (30), sobre o risco de superendividamento de famílias de baixa renda com a concessão de empréstimos consignados para beneficiários do Auxílio Brasil.

No relatório, o grupo sugeriu ao novo governo a revisão da taxa de juros aplicada nessa modalidade de crédito –atualmente de 3,45% ao mês na Caixa– ao nível do menor consignado oferecido pelo banco para contratos já concedidos.

Embora na Caixa seja mais baixa que o teto de 3,5% ao mês fixado pelo Ministério da Cidadania, a taxa cobrada de beneficiários do Auxílio Brasil é maior do que a do crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), de até 2,14% ao mês.

Fila em agência da Caixa Econômica Federal na zona leste de São Paulo, em dia de pagamento do Auxílio Brasil – Rivaldo Gomes – 11.out.22/Folhapress

“A gente faz um alerta para a equipe de transição, mostrando que esse tema será um grande problema para os novos gestores que assumirem a empresa”, afirmou Marcia Kumer, ex-funcionária da Caixa que participou da elaboração do relatório.

“Pelo lado dos beneficiários, considerando um já elevado endividamento do povo brasileiro, constata-se um incentivo ao endividamento exacerbado das famílias vulneráveis, cujo risco é agravado pela taxa de juros muito superior àquelas de empréstimos consignados similares”, diz o documento.

O grupo também recomendou ao próximo governo avaliar sua estratégia de comunicação direcionada aos beneficiários do programa de transferência de renda em relação ao desconto mensal da parcela do consignado que será abatida do valor total do auxílio.

O empréstimo pode ser feito em até dois anos, em 24 parcelas mensais e sucessivas. Caso o beneficiário perca o direito ao Auxílio Brasil enquanto o empréstimo ainda não tenha sido completamente quitado, a dívida permanece. Especialistas consideram arriscada a modalidade de empréstimo para beneficiários do Auxílio Brasil.

“Além dos inúmeros questionamentos quanto ao desconto do empréstimo consignado que eleva o fluxo de beneficiários que vão buscar a Caixa, já há um risco inegável quanto ao prejuízo na condição das famílias que terão redução no valor do benefício e tornando ainda mais crítica a insegurança alimentar/sobrevivência da população”, acrescentou.

A motivação da Caixa também tem sido questionada pelo Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União), que apresentou nesta quarta uma nova representação pedindo que a corte avalie as mudanças promovidas pelo banco nos critérios para concessão de empréstimo consignado do Auxílio Brasil após as eleições.

Em nota, a Caixa disse reiterar o “caráter técnico, bem como a regularidade do consignado no Auxílio Brasil”. “O banco destaca que a operação de crédito foi criada por lei e que a área técnica do TCU acompanha o caso desde o mês de outubro, sem ter identificado qualquer irregularidade promovida pela Caixa”, acrescentou.

 

Comentário nosso
Nós já abordamos a questão mais de uma vez. O consignado é reuim por duas razões. Um ao cobrar um juros muito mais caro de que outros empréstimos consignados. Outro por não ter nenhum segurança para o benefíciário do Áuxilio. Apesar de Lula estar tentando garantir a manutenção do benefício pelos próximos quatro anos, ninguém sabe se ele vai conseguir isso, além do mais, o cidadão pode perder o Auxílio, a qualquer momento, se deixar de atender as exigências do programa. Neste caso ele tem pagar o empréstimo de qualquer maneira. (LGLM)

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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