Aras pede ao Supremo suspensão imediata de indulto de Bolsonaro que beneficiou PMs do Carandiru (seguido de comentário nosso)

By | 28/12/2022 7:22 am

 

(Pepita Ortega, Blog do Fausto, em 27/12/2022)
 FOTO: HEITOR HUI/ESTADÃO
FOTO: HEITOR HUI/ESTADÃO  

O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu ao Supremo Tribunal Federal a suspensão imediata do indulto do do presidente Jair Bolsonaro que beneficiou policiais condenados pelo massacre do Carandiru. A avaliação do chefe do Ministério Público Federal é a de que o trecho do decreto que enquadrou os PMs viola a Constituição – a qual veda o indulto para crimes hediondos. Segundo Aras, tal aferição deve ser feita não no momento da prática do crime, como fez o decreto de Bolsonaro, mas sim na data da edição do texto.

O chefe do MPF argumenta que a suspensao cautelar de trecho do decreto de Bolsonaro é forma de evitar o esvaziamento das dezenas de condenações do caso.

No mérito, o PGR pede que a Corte máxima afaste a possibilidade de que o indulto seja concedido a condenados por crimes de lesa-humanidade, ‘notadamente os cometidos no caso do Massacre do Carandiru, cuja persecução e efetiva responsabilização o Estado obrigou-se por compromisso internacional assumido voluntariamente pela República Federativa do Brasil’.

Para Aras, indultar os PMs envolvidos no Massacre do Carandiru significaria ‘impunidade e afronta às decisões de órgãos de monitoramento e de controle internacionais’ de direitos humanos, podendo implicar em responsabilização do Brasil perante cortes internacionais

“Indultar graves violações de direitos humanos consubstanciadas em crimes de lesa-humanidade significa ignorar direitos inerentes ao ser humano, como os direitos à vida e à integridade física”, ressaltou o PGR.

Aras argumentou ainda que a Constituição proíbe a concessão de indulto para crimes considerados de lesa-humanidade no plano internacional, como foi o massacre do Carandiru, classificado como grave violação de direitos humanos por cortes internacionais.

Como mostrou o Estadão, o decreto também foi considerado institucional pelo procurador-geral de Justiça de São Paulo Mário Luiz Sarrubbo. O chefe do Ministério Público Paulista acionou a PGR pedindo que o órgão questionasse o decreto no Supremo.

À Corte máxima, o PGR diz que o Massacre do Carandiru representa um ‘triste capítulo da história brasileira’. O episódio deixou 111 mortos, com a consequente condenação de 74 policiais militares por homicídio qualificado, com penas variando de 96 a 624 anos de prisão.

” O decreto presidencial que concede o indulto natalino não pode alcançar os crimes que, no momento da sua edição, são definidos como hediondos, pouco importando se, na data do cometimento do crime, este não se qualificava pela nota de hediondez”, explicou o PGR.

Comentário nosso

O feitiço se virando contra o feiticeiro. Aras, procurador dileto de Bolsonaro, se virando contra o seu benfeitor, que o escolheu a dedo para livrar a cara dos seus. (LGLM)

 

Charge do Amarildo

Comentário

Comentário

Category: Nacionais

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *