Ex-presidente Jair Bolsonaro tem não só mais um escândalo, mas também mais um homem-bomba contra ele
04/05/2023)
O ex-presidente Jair Bolsonaro tem não só mais um escândalo, mas também mais um homem-bomba contra ele: o tenente-coronel da ativa Mauro Cid, preso desde a quarta-feira, que se une ao delegado da Polícia Federal Anderson Torres, preso desde janeiro. Os dois sabem de tudo e participaram de tudo que hoje ameaça levar Bolsonaro a lhes fazer companhia na prisão.
Torres se dedicava ao golpe, mapeando onde o agora presidente Lula venceu no primeiro turno, orientando a PRF contra eleitores petistas e guardando uma minuta para implodir o TSE e anular as eleições. Saiu da Justiça direto para a Secretaria de Segurança do DF, onde deixou tudo pronto, ou nada pronto, para o 8 de janeiro e se mandou para os EUA.
Nada disso é função de ajudantes de ordens de presidentes, como deve saber o comandante do Exército, general Tomás Paiva, que ocupou a função exemplarmente em dois governos, de Itamar Franco e de Fernando Henrique, com quem conversa há anos sobre o Brasil e o mundo.
Bolsonaro envolveu militares na guerra contra vacinas, urnas eletrônicas e instituições, e em operações porcas como as das joias e dos atestados de vacinação. Dos seis presos pela PF, cinco são ou foram militares. E Cid e Torres foram tragados para o fundo do poço, com os generais Braga Netto, Augusto Heleno e Luiz Eduardo Ramos, na lista da CPI do golpe, mais Paulo Sérgio, com a imagem arranhada, e Eduardo Pazuello, que dispensa comentários.
A queda e os vídeos da inércia do general G. Dias no 8/1 foram divulgados no Dia do Exército, após confraternização de Lula com a cúpula militar. E quis o destino (será?) que a prisão do coronel Cid fosse no dia do primeiro almoço de Lula com o Alto-Comando do Exército. Há incômodo entre colegas de farda com a sabujice de Pazuellos, Paulos Sérgios e Mauros Cids diante de Bolsonaro, com o consenso de que não dá para passar pano. Mas, de outro lado, há desconforto com a prisão, considerada “desnecessária”.
Lula, o comandante Tomás e o ministro da Defesa, José Múcio, têm a mesma posição pública: isso é problema da Justiça. Mas é também uma questão política, que mobiliza os bolsonaristas e empurra os mais radicais contra as Forças Armadas nas redes sociais, o que pode dificultar a pacificação entre os militares e Lula. Tomara que não.
Comentário nosso
O coronel Mauro Cid confundiu a função de ajudante de ordens com a função de “puxa-sacos” e vai pagar caro por isso. Agora, se quiser “aliviar a barra” tem que delatar os mal-feitos de que participou. Caso contrário pode mofar na cadeia ou até perder a farda! Nisso seguiria fielmente seu chefe que foi expulso do Exército. Alguns estranham o fato de terem determinado a sua prisão. Mas esse é o melhor remédio para se obter uma delação. Que o digam as vítimas da Lava-jato. Quanto maior o tempo de prisão, mais falantes de tornaram os delatores. O longo tempo de cadeia aviva a memória. O mesmo resultado pode dar a prisão de Anderson Torres. Talves fique preso até “cantar”. E ele tem muito o que contar. Para Bolsonaro são duas “bombas chiando”, talvez até pior do que o temor de ser ele próprio preso. Mauro Cid e Anderson Torres seriam testemunhas altamente destrutivas. Justamente naquilo que Bolsonaro quer esconder. Um ouvinte me cobrava que ao dar tanta notícia contra Bolsonaro eu mostrasse também o outro lado. O programa tem feito tudo para não divulgar mentiras. (LGLM)