Torres se dedicava ao golpe e Cid, a tarefas ‘pontuais’: joias, caixa 2, vacinas falsas

By | 05/05/2023 9:08 am

Ex-presidente Jair Bolsonaro tem não só mais um escândalo, mas também mais um homem-bomba contra ele

 

(Coluna de Eliane Cantanhêde, no Estadão, em 04/05/2023)

 

Foto do autor: Eliane Cantanhêde

O ex-presidente Jair Bolsonaro tem não só mais um escândalo, mas também mais um homem-bomba contra ele: o tenente-coronel da ativa Mauro Cid, preso desde a quarta-feira, que se une ao delegado da Polícia Federal Anderson Torres, preso desde janeiro. Os dois sabem de tudo e participaram de tudo que hoje ameaça levar Bolsonaro a lhes fazer companhia na prisão.

Torres se dedicava ao golpe, mapeando onde o agora presidente Lula venceu no primeiro turno, orientando a PRF contra eleitores petistas e guardando uma minuta para implodir o TSE e anular as eleições. Saiu da Justiça direto para a Secretaria de Segurança do DF, onde deixou tudo pronto, ou nada pronto, para o 8 de janeiro e se mandou para os EUA.

Já Mauro Cid tinha tarefas mais pontuais, usar avião da FAB para “recuperar” os tesouros da Arábia Saudita que jamais seriam de Bolsonaro, até providenciar atestados fraudulentos de vacina da covid para Bolsonaro e a filha, ser o “caixa 2″ da família presidencial. Coisa feia. E mais: criminosa.

Nada disso é função de ajudantes de ordens de presidentes, como deve saber o comandante do Exército, general Tomás Paiva, que ocupou a função exemplarmente em dois governos, de Itamar Franco e de Fernando Henrique, com quem conversa há anos sobre o Brasil e o mundo.

Bolsonaro envolveu militares na guerra contra vacinas, urnas eletrônicas e instituições, e em operações porcas como as das joias e dos atestados de vacinação. Dos seis presos pela PF, cinco são ou foram militares. E Cid e Torres foram tragados para o fundo do poço, com os generais Braga Netto, Augusto Heleno e Luiz Eduardo Ramos, na lista da CPI do golpe, mais Paulo Sérgio, com a imagem arranhada, e Eduardo Pazuello, que dispensa comentários.

A queda e os vídeos da inércia do general G. Dias no 8/1 foram divulgados no Dia do Exército, após confraternização de Lula com a cúpula militar. E quis o destino (será?) que a prisão do coronel Cid fosse no dia do primeiro almoço de Lula com o Alto-Comando do Exército. Há incômodo entre colegas de farda com a sabujice de Pazuellos, Paulos Sérgios e Mauros Cids diante de Bolsonaro, com o consenso de que não dá para passar pano. Mas, de outro lado, há desconforto com a prisão, considerada “desnecessária”.

Lula, o comandante Tomás e o ministro da Defesa, José Múcio, têm a mesma posição pública: isso é problema da Justiça. Mas é também uma questão política, que mobiliza os bolsonaristas e empurra os mais radicais contra as Forças Armadas nas redes sociais, o que pode dificultar a pacificação entre os militares e Lula. Tomara que não.

Comentário nosso

O coronel Mauro Cid confundiu a função de ajudante de ordens com a função de “puxa-sacos” e vai pagar caro por isso.  Agora, se quiser “aliviar a barra” tem que delatar os mal-feitos de que participou.  Caso contrário pode mofar na cadeia ou até perder a farda! Nisso seguiria fielmente seu chefe que foi expulso do Exército. Alguns estranham o fato de terem determinado a sua prisão. Mas esse é o melhor remédio para se obter uma delação. Que o digam as vítimas da Lava-jato. Quanto maior o tempo de prisão, mais falantes de tornaram os delatores. O longo tempo de cadeia aviva a memória. O mesmo resultado pode dar a prisão de Anderson Torres. Talves fique preso até “cantar”. E ele tem muito o que contar. Para Bolsonaro são duas “bombas chiando”, talvez até pior do que o temor de ser ele próprio preso. Mauro Cid e Anderson Torres seriam testemunhas altamente destrutivas. Justamente naquilo que Bolsonaro quer esconder. Um ouvinte me cobrava que ao dar tanta notícia contra Bolsonaro eu mostrasse também o outro lado. O programa tem feito tudo para não divulgar mentiras. (LGLM)

Comentário

Comentário

Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *