É interesse do público gigantesco que se investigue indício de fraude no futebol
(Editorial da Folha, em 11/05/2023, seguido de comentário nosso)
O futebol tem tamanha importância na cultura nacional que por vezes pode-se esquecer que a gestão do esporte pertence à esfera privada, não às atribuições do Estado.
Mas é de interesse de um público consumidor gigantesco —para nem mencionar o de milhares de jovens que ingressam na atividade em busca de ascensão social— que os recentes e graves indícios de fraudes em competições do país merecem apuração rigorosa das autoridades e atitudes responsáveis dos organizadores.
A Operação Penalidade Máxima, deflagrada pelo Ministério Público de Goiás, começou a partir de um episódio aparentemente menor e pontual, no final do ano passado, envolvendo o clube goiano Vila Nova, que disputa a Série B do Campeonato Brasileiro.
A partir da suspeita de que um atleta havia aceitado suborno para cometer pênalti durante uma partida, chegou-se ao que parece ser um esquema de manipulação de resultados e eventos de jogo (cartões amarelos e vermelhos, infrações e escanteios) com o objetivo de favorecer apostadores.
Depois de operações de busca e apreensão e descobertas de mensagens trocadas por meio de aplicativos, já há 36 pessoas e 13 partidas sob investigação, das quais 8 da Série A de 2022. Nove jogadores foram afastados por seus clubes, aí incluídas agremiações tradicionais e de grandes torcidas, como Santos, Fluminense e Cruzeiro.
Na quarta-feira (10), o Ministério da Justiça determinou que a Polícia Federal passe a apurar o caso. Nesta quinta (11), o Senado decidiu encarregar uma comissão de fazer o mesmo. Uma CPI deve ser aberta na Câmara dos Deputados.
Está em jogo a credibilidade de competições que atraem paixões, tempo e dinheiro de milhões de brasileiros. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) descarta, ao menos por ora, suspender os torneios —posição que será mais difícil de sustentar na hipótese de surgirem mais envolvidos no esquema, em especial árbitros.
O incentivo a fraudes é inerente ao esporte, mesmo nas modalidades amadoras, e ao mundo das apostas. A permanência do interesse do público, nos dois casos, depende de boa regulação, fiscalização e respostas contundentes às transgressões detectadas.
O futebol brasileiro, de enorme prestígio no mundo, é pródigo em mazelas de gestão doméstica. Que ao menos se assegurem embates justos e autênticos em campo.
Comentário nosso
Querem acabar com um dos poucos divertimentos que ainda nos resta. Torcer pelo clube de nossa paixão. Já pensou nosso time perder um jogo importante só porque um “cabra safado” vestido de jogador recebeu uma bolada para mudar o resultado do jogo? Temos que acabar com isso. O jogador que fizer isso e o apostador que o financiou para cometer algum ato desleal devem ser processados e presos e o jogador deve se excluído para sempre do futebol. Só assim se acabará com este tipo de crime. Que a gente sabe que sempre existiu. Sempre se soube que havia quem vendesse resultado de jogos de futebol. Mas nunca o crime chegou à escala a que chegou ultimamente. Só punições drásticas podem acabar com isso. Embora se saiba que nem a pena de morte acabou com a criminalidade. Mas a continuar do jeito que está, será o fim do futebol! (LGLM)