Discurso do ex-presidente foi fraco, mal articulado e perigoso, pois serve como munição contra ele na Justiça
Não foi por falta de tempo, mas talvez por excesso de empáfia, o fato é que Bolsonaro não se preparou devidamente para discursar. Como estaria entre seus seguidores, enrolados em verde e amarelo, esqueceu-se de que tudo o que dissesse seria usado contra ele. Os seguidores ouvem o que querem, concluem o que querem e sempre dão razão ao mito, mas eles não são o Brasil inteiro.
Sem saída, porque o papel foi encontrado na sua sala na sede do PL, Bolsonaro admitiu a existência e o seu conhecimento de um rascunho de pronunciamento anunciando Estado de Sítio no País. Irônico, perguntou como seria um golpe, se a medida está prevista na Constituição e precisa passar pelo Congresso? Mas o que interessa é que ele articulava, sim, decretação de Estado de Sítio, com objetivo claro: impedir a posse do presidente eleito democraticamente. E isso é golpe.
O ex-presidente também pediu “anistia” para o que chamou de “pobres coitados” que vandalizaram o Planalto, Supremo, Câmara e Senado em 8 de janeiro de 2023. Logo ele, que é contra até “saidinhas” das prisões no fim de ano? Presos comuns têm de ficar trancafiados, mas criminosos que quebraram as sedes dos três poderes e atentaram contra a democracia, ah!, esses coitadinhos têm de ser anistiados.
Racionalmente, o ato foi uma inegável demonstração de força popular, e portanto política, com mobilização de evangélicos, bandeiras de Israel e muitos milhares de militantes, além de deputados, senadores, prefeitos, quatro governadores e a vice-governadora do DF, Celina Leão. Só não havia… militares. Cadê os generais de Bolsonaro?