Sem oportunidades, sertanejos procuram trabalho de cortar cana em outros estados (com comentário nosso)

By | 15/04/2024 6:42 am

Mais de 200 cortadores de cana partiram de Conceição, São José de Piranhas e Monte Horebe para a Bahia

 

(Marcos Oliveira, com Radar Sertanejo, no Patos Online, em15/04/2024)
Foto - Radar Sertanejo
Foto – Radar Sertanejo
O processo migratório secular que coloca o Sertão nordestino na rota do êxodo continua nos dias atuais, quando centenas de homens viajam para outras regiões do Brasil em busca de trabalho.
Nesta sexta-feira, dia 12 de abril, pelo menos 200 cortadores de cana saíram das cidades de São José de Piranhas, Monte Horebe e Conceição, no Alto Sertão da Paraíba, com destino ao sul do estado da Bahia, região que fica próximo à cidade de Porto Seguro. Lá, eles permanecerão por cerca de oito meses e retornarão para sua terra natal no fim do ano.
Ainda na semana passada, outros dois ônibus com cortadores de cana também saíram da região de São José de Piranhas e do Barro-CE, para o interior de São Paulo.
Apesar de saber que é uma oportunidade de faturar um dinheiro que por aqui dificilmente conseguiria faturar, é sempre um momento doloroso deixar para trás familiares, esposa, filhos, pais, amigos e sua vida social em busca de trabalho.

Longe de sua terra, os cortadores de cana enfrentam uma jornada exaustiva de cerca de 9 horas de trabalho puxado que só depende deles para conseguir um faturamento maior no fim do mês e, como faz a grande parte deles, mandar um dinheirinho para os que ficaram por aqui. Apesar da dura jornada na lavoura da cana, para eles, vale a pena todo esforço. Uma ação que se repete a cada ano.

Comentário nosso

Não há nenhuma novidade nisso. Há uns dez anos, na condição de auditor fiscal do trabalho, juntamente com o colega Evilásio Moreira, chegamos a autorizar a liberação de três mil trabalhadores da região para este trabalho na cana de açúcar em São Paulo. Os trabalhadores eram concentrados em Cajazeiras, onde examinávamos toda a documentação dos trabalhadores e as carteiras devidamente assinadas e autorizávamos a liberação para as viagens em ônibus da empresa Gontijo. Além desses liberados dentro da lei, centenas ou milhares de outros que eram levados clandestinamente, tendo que pagar o transporte, sem nenhuma garantia das condições de trabalho que teriam no destino. Destes que eram liberados legalmente a gente observava que muitos iam nesta viagem todo o ano e, como muitos nos diziam, a viagem valia a pena, pois na volta muitos compravam uma moto nova, além das ajudas que mandavam mensalmente para as famílias. Esta liberação na época era feita todo ano, na mesma época, em quantidades de trabalhadores semelhantes. Já saiam daqui com carteira assinada, transporte pago pela empresa e todos os direitos assegurados. Hoje, mudou um pouco a legislação e a fiscalização apenas recebe o comunicado das empresas de que estão transportando os trabalhadores e o Ministério comunica às agências do destino para que lá fiscalizem as condições de trabalho desses operários. (LGLM)

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Category: Estaduais

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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