Análise: e se João Azevêdo der um cavalo de pau nas alianças e na chapa

By | 06/04/2022 8:00 am

(Heron Cid, no MaisPB, 5 de abril de 2022)

 

Em mares agitados, o navegador é desafiado a tomar o rumo do próprio barco e fazer a rota – por mais arriscada que seja

Na ágora paraibana reina a impressão de que o governador João Azevêdo (PSB) perdeu o controle dos aliados. Ilustram o raciocínio a perda de Lígia Feliciano, Veneziano Vital e de Efraim Filho e as dissidências de integrantes do Republicanos, o maior partido da base aliada.

Talvez porque João não exerce o poder com mandonismo, no nível que alguns chamam pomposamente de liderança, fatos como esses certamente não seriam tolerados em governos antecessores, onde a autoridade se confundia com autoritarismo e mão de ferro pesava nas tintas do Diário Oficial.

O preço, portanto, pode estar sendo o da sensação de que aliados ou pretensos apoiadores podem tudo. Inclusive, criar dificuldades, embaraços e flexibilizar alianças até com adversários. Os impasses na formação de chapa estão aí para comprovar e desafiar a moderação de João.

Mas, e se o governador decidir dar um cavalo de pau na política de alianças? Como assim? Se João chutar o pau da barraca e assumir de vez as rédeas para fazer uma chapa disruptiva? Se ele sair da camisa de força do histórico poderio dos sobrenomes?

Se ele costurar uma aliança separada das forças tradicionais, cujo modelo de negociação é – no geral – divorciado do que pensa e espera a população? Se João disser “não” a lógica cartorial para oferecer a Paraíba a oportunidade de votar em pessoas e perfis fora da antiga política, como ele próprio?

Em português, claro! E se o governador decidir fazer sua chapa dentro do seu próprio campo com partidos e personalidades identificadas com seu estilo e com o seu governo? E se João formar um time diferenciado e entregar nas mãos dos paraibanos e paraibanas o plebiscito para escolher o tipo de política, políticos e governantes que o estado quer.

É muito arriscado? É. Mas quem está ameaçado pelo risco das pressões e barganhas pode ser impulsionado a sair da zona de perigo e fazer um caminho que ninguém espera. Convém lembrar: a última década da política paraibana produziu muitas mudanças. O eleitor mudou, mas – teimosamente – as velhas forças continuam as mesmas. Subestimando o novo e as transformações.

E se for exatamente essa ruptura que a Paraíba – cansada das caras e das práticas de sempre – espera de 2022?

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Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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