Cada um com sua agonia. A âncora fiscal começa de fato a tramitar, com o presidente Lula às voltas com o PT, o Congresso e sua obsessão de recuperar protagonismo internacional e reinventar a roda aqui no Brasil. E o ex-presidente Jair Bolsonaro vai depor nesta terça-feira, 16, em meio a um turbilhão de denúncias que nunca acabam, cada uma pior que a outra.
Como dizem na Fazenda, “negociar com o Congresso não é nada, duro mesmo é aguentar o PT e a Gleisi (Hoffmann)”. E é assim que a âncora fiscal começa a efetivamente tramitar, com sete partidos “progressistas” esticando a corda para um lado, o centro e os moderados puxando para o outro, e a oposição se divertindo.
A expectativa é de aprovação da âncora, mas que âncora? Até agora, com uma receita que exclui o Fundo Amazônia, despesas que não consideram Bolsa Família e salário mínimo e sem responsabilização em caso de não cumprimento, na linha de Dilma Rousseff: “Não vamos colocar uma meta. Vamos deixar em aberto. Quando a gente atingir uma meta, a gente dobra a meta”.
Se Lula tem bons motivos para não dormir direito, Bolsonaro tem muito mais: pandemia, atestados falsos de vacina, joias milionárias da Arábia Saudita, cartão corporativo, depósitos de empresa com negócios com o governo, toneladas de bistecas não entregues a reservas indígenas, sem falar a intervenção na PF, na Receita..
O teste de fogo de Bolsonaro será o confronto entre seu depoimento à PF, nesta terça, e o do seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel da ativa Mauro Cid, quinta-feira, 18. Assim como o PT estica a âncora para um lado e o centro para o outro, Bolsonaro vai dizer que não sabia nadica de nada sobre as estripulias de Cid e Cid pode dizer o contrário. Bolsonaro destruiu o futuro de Mauro Cid, que diz que fez tudo por conta própria ou admite o óbvio, que só cumpria ordens. É o que vai definir entre uma pena alta ou amenizada.
Bolsonaro diz que não ter a menor ideia de nada disso. Resta saber se ele ainda tem o poder de transformar um oficial de grande futuro em um preso e se Mauro Cid mantém a sabujice do então general da ativa Eduardo Pazuello: “Um manda, o outro obedece”. A resistência da família e o efeito cadeia podem fazer toda a diferença.