AMAURY DE CARVALHO: O COMPOSITOR DO HINO DE PATOS

Com o falecimento do seu genitor, o qual tinha uma bonita voz e também era poeta, dons herdados pelo filho, ao completar 7 anos, depois de concluir o curso primário no Grupo Escolar Seráfico Nóbrega, em São Mamede, transferiu-se com a sua genitora para a cidade de Patos, passou a estudar em 1950, no internato do Seminário Mínimo da cidade, que tinha como reitor o Padre Joaquim de Assis Ferreira. Frequentou em seguida o Seminário “São José” da cidade de Crato – Ceará, lá estudou um pouco de música, tornando-se solista do coral do educandário.

No ano de 1955, Amaury se transferiu para o Seminário Menor de João Pessoa, lapidou seus conhecimentos musicais e se classificou como tenor. Em seguida abandonou o Seminário e voltou para sua terra natal. O Monsenhor Manuel Vieira foi encontra-lo, trazendo-o para o Ginásio Diocesano de Patos. Aqui Amaury teve oportunidade de participar das famosas serestas de antigamente e se tornar mais conhecido ao cantar a Ave Maria de Schoubert nos casamentos da cidade.

Sempre atuando como cantor, Amaury passou pela orquestra do Maestro Hermes Brandão, do Conjunto Z7, “Os jovens”, Vavá e seu conjunto, chegando a criar a “Charanga do Povo”.

A partir de 1966 Amaury começou a trabalhar na função de discotecário na Rádio Espinharas de Patos, atuou como jornalista, após conseguir a emissão de carteira, ancorado em um decreto-lei do Presidente Castelo Branco. Foi funcionário da Coletoria Estadual de Patos, cargo exercido a convite do Governador Tarcísio de Miranda Burity, velho amigo do tempo de seminário.

Quanto ao Hino de Patos, de sua autoria, sua oficialização foi uma iniciativa do Rotary Clube de Patos, o qual tinha como presidente Edmilson Fernandes Motta que enviou em 18 de outubro de 1971 um ofício para a Câmara Municipal de Patos solicitando que a composição se tornasse o Hino Oficial da cidade. O Projeto de resolução nº 02/71 foi levado ao plenário e aprovado por unanimidade no dia seguinte, produzindo a Resolução nº 123 que era assinado pelo Presidente da Câmara, Vereador Rênio Tôrres, e que continha no seu primeiro artigo: “Fica considerado e oficializado como Hino da cidade de Patos, a canção musical de composição e letra TE AMO PATOS, de autoria do Sr. Amaury Carvalho”. A Lei que tornou “Patos, Te amo Patos” como Hino da cidade, foi sancionada pelo Prefeito Olavo Nóbrega. Este hino, juntamente com o Hino de Nossa Senhora da Guia, que é de Padre Fernando Gomes, e os do Nacional e Esporte, criados por Amaury, foram gravados em um compacto duplo, no ano de 1981, patrocinado pela Prefeitura de Patos.

Como cantor e compositor, Amaury de Carvalho foi destaque nas grandes competições realizadas em Patos e em outros pontos da Paraíba, tendo vencido em 1973 o II Festival Sertanejo de Música Popular Brasileira promovido pelo Fortelândia, com a composição Aleluia-Aleluia, defendida por Saulo Araújo. Foi também o compositor do hino de abertura do certame. Conquistou ainda o I Forraço, mais tarde denominado de Forró-Fest, promovido pelas TV’s Cabo Branco e Paraíba.

Amaury foi um grande músico e compositor, mas não teve o reconhecimento devido e alguns episódios ligados à sua vida artística lhe trouxeram muitos desencantos. Dois deles chegaram ao causar-lhe forte constrangimento: o primeiro aconteceu após a gravação do seu compacto, onde somente os amigos mais íntimos adquiriram o disco, mais de cinquenta unidades foram perdidos, em virtude da loja que os vendia após abrir falência não o ressarciu. O outro fato que Amaury contava com muita tristeza aconteceu em um dos encerramentos da Festa de Setembro, quando foi comunicado que não iria cantar o Hino de Nossa Senhora da Guia na missa das 9 horas; pois, segundo ele, o padre alegava que “sua voz era inadequada para aquele momento”. Oportunidade em que foi substituído pelo vigário celebrante da cerimônia religiosa.

Amaury de Carvalho era casado com Francisca Lino de Carvalho e faleceu em 28 de setembro de 2004, no Hospital Regional de Patos, onde estava internado desde à tarde do dia anterior. Foi sepultado em São Mamede, sua terra natal.

Reconhecendo o trabalho meritório empreendido por Amaury e a necessidade de um adequado local para as apresentações dos artistas populares da região, em 23 de setembro de 2006, o prefeito Nabor Wanderley da Nóbrega Filho sancionou a Lei nº 3.499, criando o Centro de Cultura Amaury de Carvalho, localizado na praça Edivaldo Mota, que tem como finalidade disponibilizar um espaço para a viabilização das atividades culturais dos artistas da “Morada do Sol”.

Amaury foi nosso companheiro na Espinharas, durante muito anos. Maria Joana sua mãe, foi nossa companheira de trabalho no Colégio Estadual de Patos e grande amiga. Amaury era um  profissional de incrivel criatividade. Durante vários anos escreveu o comentário principal do programa A BRONCA LIVRE que fez o sucesso profissional do saudoso Orlando Xavier e fez dele o vereador mais votado na história política de Patos.  A homenagem de Nabor dando-lhe o nome ao Centro Cultural foi das mais merecida, mas entendemos que Amaury merecia muito mais, algo como dar nome à rua onde residiu até a morte (salvo engano a atual rua Antônio Fragoso), nas proximidades do antigo Colégio Estadual de Patos. (LGLM)