Multiplicam-se as evidências que apontam para uma ação orquestrada. A Polícia Federal se debruça sobre o caso – e trechos do relatório dos investigadores foram publicados nesta semana pelo jornal O Globo. Áudios e mensagens trocados entre militares mencionam uma certa “operação” – segundo a PF, “um codinome para a execução de um golpe de Estado, que culminaria na tomada de poder pelas Forças Armadas brasileiras”. De acordo com o relatório, “o plano descrito pelo interlocutor incluía a prática de abolição violenta do estado democrático de direito”.
Amorim Neto diz que as evidências de golpe não surpreendem os analistas, que alertaram para a excessiva presença fardada no governo Bolsonaro. “Colocar militares no centro de um regime democrático é instalar a ameaça de uso da força física como base para se fazer política”, afirma. “Isso parecia ambíguo no início do governo, e no final se tornou explícito, como vimos no 8 de janeiro. Era uma tragédia anunciada.”
Segundo o relatório da PF, os militares suspeitos de golpismo queriam que o ex-presidente Jair Bolsonaro continuasse na Presidência após a “operação”. Bolsonaro é investigado por incitação aos atos de vandalismo no 8 de janeiro. Em depoimento nesta semana, o ex-presidente negou ter orientado “qualquer ato de subversão ou insurreição”.
As investigações irão prosseguir. Esclarecer os fatos, identificar os crimes e punir os culpados é fundamental para que a tragédia anunciada não se repita.
Comentário nosso
Isto não é novidade para ninguém. O Governo Bolsonaro estava cheio de militares nos mais diversos cargos, a maioria deles da reserva, recebendo um plus que lhes dava um acréscimo substancial no orçamento. Este é que queriam continuarno poder, para continuar usufruindo destas vantagens. Como sabiam que Bolsonaro não conseguiria se reeleger, entendiam que o único caminho para continuarem no poder era através de um golpe. E para isso precisavam da adesão de companheiros que continuavam na ativa e nesta condição ainda tinha o comando de tropas de que os da reserva já não dispõem. A nossa sorte é que os militares da ativa não entraram na jogada, se não estaríamos em uma ditadura militar, comandada por Bolsonaro e seus sequazes. (LGLM)